Feltsman, o novo Vlademir pianista que veio da URSS
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de outubro de 1988
Depois do grande Vlademir Horowitz - em pleno vigor, aos 84 anos, como demonstram suas recentes gravações - outro grande Vlademir chega a Rússia (onde Horowitz nasceu, em Kiev). Trata-se de Vlademir Feltsman, apresentado em álbum duplo (CBS, outubro/88), gravado ao vivo em Nova Iorque, em sua apresentação oficial ao rigoroso público americano. Feltsman foi saudado com palavras entusiásticas dos mais exigentes críticos a partir do "New York Times". Para sua estréia nos EUA, Vlademir Feltsman escolheu uma longa e famosa peça do compositor moderno francês Olivier Messiaen, de quem executou fragmentos dos "Vingt Regards sur Il Enfant Jésus", contribuição das mais afamadas ao repertório místico na atualidade e ainda os "Estudos Sinfônicos, Opus 13", de Schumann, aos quais o recitalista acrescentou algumas variações bem pouco executadas. O programa incluiu ainda alguns "extras", arrancados ao calor dos aplausos do público: um "Prelúdio de Rachmaninov, Opus 32, nº 12, em Sol Sustenido Menor" e "Seis Variações" de Beethoven sobre um tema original, Opus 76, em Ré Maior).
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Falando em russos, outro gigante das estepes musicais, Sergei Prokofiev (1891-1953) escreveu o bailado "Romeu e Julieta", em 1935, ao voltar para a Rússia com promessas de que ali teria todas as condições de desenvolver um trabalho livre. Entretanto, encontrou dificuldades, inclusive ao compor este bailado, destinado ao Bolshoi - mas que acabou não sendo usado na época e o contrato rompido (concluído em 1936, em quatro atos e dez cenas, só seria produzido na União Soviética em 1940, e sua estréia ocorreu em Brno, Checoslováquia, em dezembro de 1938).
Para a apresentação russa, em Leningrado, Prokofiev foi forçado a aceitar alterações - que ele considerou inteiramente grosseiras - no cenário do ballet e mesmo na partitura (particularmente em sua orquestração, cuja maior parte se aproximava da música de câmara).
Esta obra, de uma produção tão difícil - mas que ficou como mais um grande marco na obra de Prokofiev - sai agora no Brasil, em alguns trechos, numa gravação da Orquestra Filarmônica de Berlim, regida por Esa-Pekka Salonen. Edição CBS.
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