Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de abril de 1987
Pesquisador da música popular, autor de vários trabalhos da maior importância cultural, Leonardo Dantas Silva vem dirigindo com a maior competência a Coleção Pernambucana, editada pela Secretaria de Turismo, Cultura e Esportes de Pernambuco. Como diretor de assuntos culturais da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Leonardo já coordenou mais de cinqüenta títulos ligados a aquele Estado, sua história, cultura, folclores e tradições - os quais podem ser solicitados a Casa da Cultura de Pernambuco, Cais de Detenção, s/n - CEP 50.000, fone (081) 224.7632.
Agora, com o volume 32 da segunda série da Coleção Pernambucana, acaba de sair a sexta edição de "O Sanfoneiro Do Riacho Da Brígida", de Sinval Sá. A primeira edição deste livro dedicado a Luiz Gonzaga é de 1966 e o fato de ter merecido até agora mais cinco edições demonstra o interesse que o mesmo despertou.
Como diz Leonardo Dantas, não se trata exatamente de um livro de memórias, onde o autor conta o que viveu; nem tampouco uma biografia, pois careceu o autor de maior documentação sobre a vida de seu biografado. Poderíamos, assim, denominar o conjunto de uma grande entrevista onde Luiz Gonzaga do Nascimento, vai desfiando para Sinval Sá toda uma vida, que se inicia com a chegada da família a Exú, nos primeiros anos deste século, e chega até 1966 (ano da primeira edição do livro). Trata-se, entretanto, de um documento vivo, fonte primeira da história deste grande nome de nossa música, que aqui aparece como num depoimento vivo, de corpo inteiro, livro de consulta e de deleite para todos os interessados na vida de Luiz Gonzaga.
O autor, Sinval Sá, 65 anos, filho de pais pernambucanos, nasceu em Conceição da Paraíba, mudando-se ainda adolescente para Fortaleza onde se formou em Direito e Letras. Mais tarde, transferiu-se para o Ministério Público em Goiás, e, ingressando no Tribunal de Contas da União radicou-se em Brasília. Amigo e admirador de Gonzaga, foi o primeiro a lhe dedicar um livro. Outros volumes sobre o "Lua" já saíram (um deles, lançado há pouco pela Ática, aqui será registrado na próxima semana), mas Sá teve o mérito de fazer o primeiro.
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Mais um pastiche de Roberto Carlos. Afinal, o "Rei" tem centenas de imitadores, alguns que buscam até pseudônimos artísticos capazes de confundir o público como um certo Carlos Roberto, que a Copacabana inventou anos atrás, dono de belíssima voz (mas feio como a necessidade), que imitava tão bem a Roberto Carlos, que foi até ameaçado de processo. Agora é um certo San Marino (?), que aparece pela 3M, com um repertório ultra romântico e adocicado, as mesmas inflexões do "Rei", e, conseguindo, naturalmente, um resultado agradável. A gravadora diz que San Marino (?) começou artisticamente aos 17 anos, tocando violão no grupo The Meeks, no Rio. Mais tarde, quando fazia o terceiro ano de eletrônica, formou um quarteto vocal chamado "Elétrons 4", com o qual chegou a ganhar o II Festival Estudantil Norte Fluminense, com a música "Morrer Para Viver", com tema espiritualista. Em 1977, em Santa Rita do Sapucaí, Sul de Minas, conheceu Wanderley Cardoso, que o levou ao "mundo do disco" (sic). Segundo o release da 3M, San Marino tem mais de 150 músicas prontas para serem gravadas e, embora tenha gravado três delas ("Este Amor É Como Um Laço", "Nave, Força", "Vou Me Jogar No Mundo"), preferiu, naturalmente, um repertório à la Roberto Carlos, como "Eu Juro Que Te Morreria Minha" (Isolda/Milton Carlos), "Se Alguém Telefonar" (Jair Amorim/Alcir Pires Vermelho) e até uma música do acima referido Roberto Carlos ("No Dia Em Que Parti"). Encerrando, uma valsa clássica de Lamartine Babo/Francisco Mattoso - "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda", que há 26 anos, no auge da Bossa Nova, Sérgio Ricardo regravou com emoção.
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Se San Marino imita Roberto Carlos, Augusto Alexandre encara, com força, a linha bregue. Consta que o moço é "um industrial bem sucedido que abandona tudo para se dedicar a cantar". Tudo começou, diz a 3M, quando decidiu agradar um de seus clientes, na cerimônia de casamento, e ensaiou o coral com "Ave Maria" de Gounot. Augusto Alexandre foi o solista e agradou tanto que de lá para cá não parou mais de cantar. Carioca da Vila Isabel, fã de Nelson Gonçalves ("meu maior inspirador"), faz agora seu primeiro elepê, destacando as faixas "Te Amo" (Odilon de Souza/Joe Costa), "Quem Há De Dizer" (Lupicínio Rodrigues/Alcides Gonçalves), "Tu, Somente Tu" (do brega mor do início dos anos 60, Anísio Silva). O veterano maestro Luiz Arruda Paes fez os arranjos e regência. Boa pinta, voz bonita, Augusto Alexandre pode emplacar - inclusive merecer atenção maior se abandonar o breguismo e procurar um repertório de melhor nível.
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Formado há 5 anos e já com quatro elepês, o Herva Doce antecipa em mix o seu próximo trabalho, numa faixa apropriadamente intitulada "Faz Parte Do Meu Show" (Renato Ladeira/Cazuza). O Herva Doce é formado por Marcelo Sussekind, que além de guitarrista também aparece como produtor (14 Bis, Paralamas do Sucesso) e compositor; Renato Ladeira - filho dos artistas César Ladeira/Renata Fronzi, ex-Bixo da Seda e Abelha, que já tocou com Tim Maia e Erasmo Carlos. Roberto Lly, baixista, cantor e compositor, integrou os grupos Legião Estrangeira e Magia Branca. Finalmente William Forthieri, ex-Blitz, chegou a estudar piano clássico, mas aos 16 anos caiu na vida popular, trabalhando desde Paulo Moura, Martinho da Vila, Marina até a Ganga 990. Quando o Blitz se desfez passou para o Herva Doce.
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Jeffrey Osborne, que está chegando ao Brasil com o LP "Emotional" (Polygram), não é nenhum estreante: após vários hits nas paradas americanas, com os três primeiros álbuns que fez para a A&M (Jeffrey Osborne, "Stay With Me Tonight" e "Don't Stop") não é mais apresentado como o ex-vocalista da LTD, banda que integrou durante dez anos. O mais moço de uma família de 12 irmãos, aos 15 anos, Jeffrey já era baterista e aos 19 anos integrava o LTD, na época um grupo famoso. Em "Emotional", mostra sua potencialidade vocal, capaz de interpretar estilos variados - do pop ao rhythm & blue. O que fica evidente já no primeiro lado do disco, que contém um ritmado protesto social ("Soweto"), seguido de "In Your Eyes", bonita balada. No lado dois, a faixa-título, uma bem comportada mistura de pop e R&B contrasta com outra balada: "A Second Chance", seguida de um semi-gospel ("Love's Not Ready". Uma bela voz, sem dúvida!
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