Geléia Geral - Astros cantam Natal para ajudar Etiópia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1985
Lançado há algumas semanas, visando basicamente as festas de Natal, um compacto simples da Polygram merece ainda um destaque pela sua originalidade: "Do They Know It's Christmas" é uma belíssima canção de Natal que transcendeu seus objetivos exclusivamente natalinos e transformou-se em grande sucesso em todas as rádios do mundo e vendendo 1.200.000 cópias em uma semana. Bob Geldorf, líder do Boomtow Rats, um grupo inglês, tomou a iniciativa deste projeto. Junto com Midge Ure, do Ultravox, compuseram a canção e providenciaram para 38 famosos da gravação. Toda a renda obtida com a venda do compacto será revertida em favor da população faminta da Etiópia. Participaram da canção, entre outros grupos, o Bananarama, U-2, Culture Club, Duran Duran, Phil Collins, Paul McCartney, Style Council e Spandau Ballet, entre outros.
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Raimundo Sodré, cantor e compositor de raízes nordestinas, voltando em um novo compacto simples. Interpreta "Cadê Zé?", parceria com Jorge Portugal e "Pica-pau Brasil", só de Jorge Portugal. Arranjos de Luiz Roberto.
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Stephane Mills, uma glamorosa morena, em um novo lp ("I've Got the Cure", Casablanca/Polygram), interpreta um repertório da pesada, com incrementados arranjos de George Duke: "Outrageous", "Everslasting Love" e "Rough Trade" entre as faixas mais fortes. Já Demis Roussos, bem mais magro - conforme o regime que fez e pelo qual virou garoto propaganda de uma campanha intensamente divulgada na imprensa brasileira - mostra seu novo visual na capa de "Reflection" (Mercury/Polygram), produzido pelo bem sucedido Vangelis. Demis dá um toque eletrificado a belíssimos standards da música americana como "Smoke Gets in Your Eyes" (Kern/Harbach), "As Times Goes By" (H. Hufeld), "Stand By Me" (M. Stoller/B. King), "Lover Me Tender" (J. Leiber/M. Stoller), "The Great Pretender" (B. Ram) e "Stormy Weather" Arlen/Joehler).
A preocupação em intérpretes buscarem repertórios românticos dos anos 30/40 - como fez Linda Rondstadt, num elepê com arranjos de Billy Mayer também Willie Nelson, já em três magníficos álbuns - prova de que apesar de toda a parafernália eletrônica, as boas músicas são aquelas do passado.
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Ray Connif não deixa por menos: semestralmente faz seu álbum orquestrado, destinado a um público fiel. Só que o seu conceito de arranjador e maestro de bom gosto está seriamente ameaçado se continuar a gravar músicas medíocres como "Vamos a La Playa", "El Africano", "Te Quiero Mas Y Mas", "O Amor é a Moda" etc., como neste seu último lp ("Supersônico", CBS). Para um arranjador que, nos anos 50, embalava romances com seu cromático estilo e que na série "S" chegou a ter até a participação de instrumentistas como o pistonista Billy Butterfield, não deixa de ser melancólica esta decadência sonora.
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