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Aramis

Graças aos mecenas, os livros para nosso som

Enquanto o Instituto Nacional de Música entra na maior crise em seus 14 anos de existência - decorrência direta dos cortes de verbas e pessoal na Funarte (assim como na Funacem e outras instituições culturais), o programa que o incansável Hermínio Bello de Carvalho, diretor da divisão de Música Popular, havia idealizado para o ano de 1989 está praticamente comprometido. Assim importantes efemérides - como os centenários de nascimento de Ataulfo Alves (Mirai, MG - 2/5/1909 - RJ, 2/4/1969) e do letrista Luís Peixoto (RJ, 2/2/1889 - 14/11/1973) - o poeta que escreveu um dos mais belos versos da MPB ("Maria, o teu nome principia na palma da minha mão"), para o samba de Ary Barroso (Ubá, MG, 7/11/1903 - RJ, 9/2/1964) - cujos 25 anos de morte também mereceriam comemorações - estão passando em brancas nuvens. Felizmente, nem tudo está perdido! Graças a poderosas organizações financeiras, a nossa música tem seus espaços. O Bamerindus do Brasil na maior prova de estímulo à criatividade instrumental brasileira, patrocinou o festival com os músicos do grupo O Som da Gente (Town Hall, Nova Iorque, nos dias 10 e 11), que levou o talento do guitarrista Alemão, tecladista Amilson Godoy, dos violões do trio D'Alma, o genial Hermeto Paschoal, num total de 22 dos melhores músicos-compositores para serem devidamente aplaudidos na metrópole americana. xxx Enquanto o Bamerindus possibilitou que o Som da Gente chegasse a Nova Iorque, uma outra organização bancária, esta americana - o Banco Chase Manhattan, financiou, ainda no ano passado, um dos mais belos sons e ritmos populares, edição bilíngüe, que após uma primeira tiragem de luxo, exclusivamente de circulação dirigida, está chegando às livrarias, numa edição mais econômica. Trata-se de um livro em formato de álbum, 31x21 centímetros, capa dura, papel da melhor qualidade e que ao longo de 303 páginas reúne o mais amplo panorama da música brasileira dentro da concepção em que a obra foi idealizada. Produzido pela Art Bureau - Representações Edições, uma firma cultural criada por Rita Caúrio, 39 anos, uma roraimense graduada em Psicologia e que anteriormente já havia publicado dois livros de sua autoria, voltados à arte ("Arte Têxtil do Brasil - Viagem pelo mundo da tapeçaria", 1985 e "Our Brasil", 1986), "Brasil Musical" procura dar uma visão abrangente da nossa música. Para tanto, Rita Caúrio, recorreu a nomes da maior expressão. Seis jornalistas profundamente identificados à nossa música, o ensaísta e professor que também tem freqüentado os setores musicais, Affonso Romano Sant'Anna na introdução e o posfácio pelo concertista e professor Turíbio Santos, diretor do Museu Villa-Lobos Independente do mérito de cada um dos textos - e da imensa iconografia, representada por 403 ilustrações, entre fotos, desenhos, reproduções de capas de discos, publicações diversas etc., o planejamento gráfico de "Brasil Musical" foi dos mais felizes. Ao invés de cansativos ensaios, cada uma das partes foi distribuída em textos autônomos, formando-se 67 didáticos quadros e centenas de pequenos textos-legendas, os quais somados à ampla iconografia, possibilita uma leitura fácil. Assim, há quase uma visão quadrinhóloga das várias fases, num projeto gráfico merecedor de premiação. Rita Caúrio fez a criação editorial, enquanto Esther Silva cuidou da cuidadosa versão em inglês e Silene Meireles elaborou o índice onomástico, possibilitando uma fácil consulta a assuntos, nomes ou temas determinados.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/03/1989

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