As imagens da esperança
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de maio de 1976
Há certos filmes que deveriam ter cópias em 16 mm preservadas, independentemetne do direito de propriedade ou censura, definitivamente, em certas entidades - para serem exibidos periodicamente, a platéias específicas. "Uma Janela Para o Céu"(Cine Condor, 3 semana) está nesta categoria. Não se trata de uma obra-prima, nem de um clássico cinematográfico, mas é uma obra pela de otimismo, esperança de milhares de pessoas que, por fatalidade, encontram-se paralisadas em cadeiras de rodas. Partindo de uma história real uma jovem pela de entusiasmo e vida, é vítima de um acidente num campeonato de ski que a condena a passar o resto de seus dias numa cadeira de rodas o cineasta Larry Peerce realizou um filme de fácil agrado popular, com os ingredientes básicos para os fãs do melodrama, mas fugindo dos chavões e conseguindo resultados dignos e honestos.
Cineasta de talento efervescente desde o antológico "O Incidente", passando depois a outros gêneros em "O complexo de Portnoy" de Philip Roth, ou o jovial "Goodbye Columbus" - Peerce mantém em "Uma Janela Para O Ceú"todo um clima de confiança nas potencialidades do ser humano sobre um roteiro de Carl Foreman, mostrando sobre um roteiro em "Espíritos Indômitos"(The Men, 50), o trabalho de uma clínica de recuperação de mutilados de guerra. O filme, alémde marcar a estréia de Marlon Brando no cinema, foi significativo pela sua força e comunicação , otimista, transmitida ao público. Em 1962 Arthur Penn, em seu segundo longa-metragem , "O Milagre de Anne Sullivan" (The Miracle Worker, da peça de Willian Gibson), transmitiu em imagens de imenso vigor, o esesforço de uma professora (Anne Sullivan/Anne Bancroft) para fazer uma menina surda-muda, Helen Keller (Patty Duke, enfrentar o mundo. Helen, como todos sabem, veio a ser tornar uma mulher excepcional , com uma vida e obra das mais dignas que serve de estímulo a tantas milhares de pessoas.
"A Windown In The Sky" insere-se embora modestamente, na linha de "Espíritos Indômitos" ou "O Milagre de Anne Sullivan", em filmes-esperanças, obras que dignificam o cinema como um instrumento capaz de ter uma função social e humana. Pode-se, artisticamente, fazer restrições ao filme de Peerce, mas , em termos de otimismo, é inesquecível a personagem vivida por Marilyn Hasset - uma das mais promissoras estréias cinematográficas, que na adversidade, mantém sua disposição de tornar digno cada novo momento de sua vida. Se não bastasse a honestidade com que o romance sem ficção de E.G. Urlens foi transmitido em imagens por Peerce, "A Yellow To The Sky" tra ainda uma das mais belas canções-tema do ano, de Charles Fox/Normam Gimbel, que na muito merecimento foi uma das indicadas ao Oscar em sua categoria.
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Junto com "Uma Janela Para o Céu", está em exibição um dos mais premiados documentários de 1971: "Bexiga, Ano Zero" sociológica visão em branco e preto de um bairro paulista e de seu declínio. Um complemento a altura de "Uma Janela Para O Céu".
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