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Aramis

Lançamento sem promoção é ofensivo à comunidade

Maurício Brick, 49 anos, um dos mais conceituados oftalmologistas do Paraná, cinéfilo, filho de um intelectual judeu, Berel Brick (1901-1973), que deixou vários textos, inclusive um delicioso livro de contos sobre os pioneiros judeus em Curitiba, chegou a emocionar-se ao saber que "Shoah" havia estreado no cine Groff. - "Este filme chega em momento dos mais oportunos. Enganam-se os que pensam que o nazismo morreu. Ainda ontem, meu filho André chegou abalado do cursinho pré-vestibular que freqüenta por ter assistido a um faccioso professor de história (?) enaltecer o livro "Holocausto: judeus ou alemães", que procura confundir a questão do genocídio contra a raça judaica". Brick, como outros intelectuais israelitas, preocupa-se com o anti-semitismo propagado por obras como este polêmico livro gaúcho (filho de alemães) Siegfried Castan (edição do autor, 330 páginas, NCz$ 72,00), que com o subtítulo de "nos bastidores da mentira do século", tenta provar que não houve perseguição aos judeus e chega a afirmar que as fotos dos campos de concentração nazistas "foram montagens para atacar a honorabilidade da raça ariana". Só este fato - e existem dezenas de outros, provando o ressurgimento do neonazismo em muitos países (inclusive o Brasil) - já justificaria que um documento como "Shoah" fosse lançado dentro de uma programação especial, destinada a atingir o máximo de espectadores. Entretanto, mais uma vez a Fucucu desperdiça uma excelente oportunidade de justificar sua (caríssima) existência e está exibindo o filme sem qualquer preparativo. Na tríplice condição de cinéfilo, judeu e membro do conselho da Fundação Cultural/Secretaria Municipal de Cultura (órgão colegiado que, estranhamente só se reuniu uma vez em dez meses), Maurício Brick está revoltado pela forma displicente com que "Shoah" foi lançado. Ao contrário do que a distribuidora Alvorada fez em outras cidades, o filme de Lanzmann chegou anonimamente na cidade, sem que fosse distribuído sequer fotos ou informações a respeito. A (eterna) alegação dos diretores da Fucucu de que "não há verba" não se justifica para ausência de promoção. Bastaria ter sido contatado o Centro Israelita do Paraná ou o Instituto Judaico de Cultura para se montar um evento que poderia incluir palestras, debates - além de uma forma dirigida (malas, sessões especiais), fazendo com que "Shoah" chegasse ao menos junto ao público interessado - o que por si só já garantiria ao menos duas ou três semanas de permanência de cada uma das duas longuíssimas partes. Nada, entretanto, foi feito. O Sr. Bernardo Tockus, presidente do Centro Israelita do Paraná, desconhecia até quinta-feira a estréia do filme (o próprio Maurício Brick, também só soube por nosso intermédio de sua exibição). Embora a ativa presidente do Instituto Judaico de Cultura, Sra. Sarah Schulmann, encontre-se em Israel há uma semana, com toda certeza a diretoria da instituição colaboraria numa promoção conjunta para fazer com que a comunidade israelita tomasse conhecimento da importância de assistir um documentário como "Shoah". O prefeito Jaime Lerner, 52 anos, filho de judeus, cinéfilo desde a infância, também gostaria que um filme abordando um tema tão ligado a sua raça, tivesse uma exibição mais cuidadosa. Entretanto, apesar de existir um setor de cinema dentro da Fucucu que deveria se preocupar com o cinema cultural (e não apenas em fazer as 5 salas oficiais obterem lucros), nada foi feito. Os diálogos-depoimentos de "Shoah" foram publicados em livro (edição Fayard, Paris, 1985), que traduzidos por Maria Lúcia Machado e com prefácio de Simone de Beauvour (1908-1986), saiu no Brasil há dois anos ("Shoah -Vozes e Faces do Holocausto", 268 páginas, NCz$ 67,00, editora Brasiliense) - restando ainda alguns exemplares na livraria do Chaim. Enfim, "Shoah" é muito mais do que um filme. É um documento. É um curso intensivo, em imagens, sobre o genocídio contra o povo judeu, e que não pode ser ignorado por quem se interessar por questões da humanidade. Prejudicá-lo em seu lançamento, seja sobre qualquer alegação é uma ofensa a comunidade israelita.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
22/10/1989
Carríssima Prof.Regina Rotenberg Fui professora de música da Esc.Israelita em Curitiba na década de 80 e foram os melhores anos da minha vida profissional e intelectual,onde aprendi a amar e admirar a cultura,as tradições e a bandeira israelita no paraná. Sendo assim venho aperfeiçoando meu conhecimento literário desde então. Acabei me deparando com os conteúdos de todas as páginas relacionadas acima e me deliciei com os conteúdos das mesmas. Quero cumprimentá-los e a toda a equipe por esta oportunidade de leitura e conhecimento sobre os judeus no paraná. E se acaso puderem me mandar mais artigos ficarei agradecida desde já. Parabéns e Sucesso! Megg

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