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Marcus, o Sr. RP, diz por que quer a BR-101

Quando relações públicas ainda se confundia com picaretagem, Marcus Aurélio de Castro já se preocupava em dignificar esta profissão que só viria a ser regulamentada há poucos anos. Foi, por exemplo, o primeiro profissional a criar um setor de RP numa rádio paranaense - a antiga Cultura, onde com apoio do pioneiro Abílio Holzmann, introduziu uma série de novidades - inclusive a comemoração do "Dia da música popular brasileira", em homenagem ao cantor Francisco Alves, (1898-1952) no dia de sua trágica morte - 27 de setembro. Por iniciativa de Marcus Aurélio, naquela data todas as emissoras da cidade tocariam apenas a nossa boa MPB. E, durante alguns anos, a promoção funcionou. Hoje, a maioria das Fms fazem o contrário: tocam todos os dias, durante todo o tempo, o pior e mais supérfluo lixo sonoro internacional. xxx Na Companhia Paranaense de Energia Elétrica, Marcus Aurélio criou um departamento de relações públicas tão eficiente que virou modelo nacional. E quando foi necessário escolher um homem da área para a Subchefia da Comunicação social, no final do governo Ney Braga, ele foi o nome certo. Hoje, com tempo já para a aposentadoria oficial - mas ainda atuante em várias áreas, Marcus Aurélio é o nome forte para voltar ao primeiro plano da administração, já que o vice-governador eleito, Ary Queiroz, ex-presidente da Copel conhece a longo tempo a sua competência. xxx Marcus Aurélio não se preocupa apenas com as relações públicas na área oficial. Apaixonado por Guaratuba, tanto fez em favor daquele balneário que acabou eleito, por unanimidade, para a presidência da Sociedade dos Amigos de Guaratuba. E nesta condição, o bom amigo Aurélio nos enviou, já há alguns dias, uma longa carta na qual defende a construção da BR-101. Apoiando, inclusive, a intenção do secretário Geroldo Hauer, das Finanças, em buscar dólares no Exterior para que o Governo do Estado execute esta obra faraônica. Aliás, os ecologistas já protestaram contra as declarações de Geroldo Hauer, um advogado milionário que usa suas horas de lazer na praia de Caiobá. xxx Eis, na íntegra, o que diz Marcus Aurélio de Castro em relação à construção da BR-101. "Confesso que não li o que V. classificou de "infelizes declarações do Secretário Geroldo Hauer, com respeito à construção do trecho paranaense da BR-101. Confesso, também, de início, que estou inteiramente de acordo com qualquer posição que objetive a implantação da referida rodovia, em nosso Estado. Não entro no mérito das discussões ecológicas, visto que deve existir um grande equívoco por parte dos "primeiros a denunciar Hauer". O que o Paraná pretende - e por isso deve lutar - é o trecho da BR-101, ligando o trevo da BR-277 ao segmento catarinense da própria 101, no município de Garuva. Trecho de cerca de 65 km que nada tem a ver com as matas da Serra Negra, em Guaraqueçaba, nem com a tombada Serra do Mar e adjacências. O referido trecho viria a corrigir parcialmente uma gritante injustiça cometida contra o Paraná, quando se implantou a BR - 101 de Natal a Peruíbe e de Garuva a Torres, sem um metro de asfalto dentro do território paranaense. Quanto ao endividamento do Paraná, por certo não devidamente avalizado pelos denunciantes, acredito que uma rápida análise poderá colocar abaixo qualquer alusão a respeito. Vejamos: 1 - Com o trecho Morretes-Garuva, toda a carga do extremo Sul do País destinada ao porto de Paranaguá, deixaria de ser transportada pela BR-376 - no chamado "Corredor da Morte" - descendo pela BR-277, não sem antes passar pelo contorno de Curitiba. Julgo inteiramente necessário calcular o que representaria isso em termos de economia de combustível, de pneus, de veículos, enfim. Igualmente em termos de tempo e aumento de produtividade. Diretamente, ao Paraná, interessaria a revitalização do porto de Paranaguá e até mesmo do porto de Antonina. Ao DNER, ou seja, a União, significaria protelar por vários e vários anos a já premente necessidade de duplicação da BR-376, trecho Joinville-Curitiba, que teria seu movimento sensivelmente diminuído. 2 - As compensações para o possível endividamento prosseguiriam com a integração do litoral paranaense em virtude da interligação de quatro rodovias federais (101, 116, 277 e 376), inclusive com a utilização das rodovias estaduais como Garuva-Guaratuba, Alexandra-Praias, Estrada das Praias, Graciosa, etc. Indispensável lembrar a possibilidade de crescente desenvolvimento dos municípios de Guaraqueçaba, Antonina, Morretes, Paranaguá, Matinhos e Guaratuba. 3 - O trecho Morretes-Garuva passaria pelos distritos de Cubatão e Canavieiras, além de vários povoados e colônias de pescadores - ao fundo da baía de Guaratuba, tornando a obra mais importante pela oportunidade que se dará às populações dessa área de ficarem mais perto dos centros consumidores dos seus produtos. 4 - O turismo seria sensivelmente incrementado, visto que os paulistas estão descobrindo, gradativamente, as praias do Paraná e teriam mais uma opção de acesso rápido a Guaratuba - que tem sido o balneário de sua preferência, descendo a Graciosa, seguindo pela BR-101 e fazendo a conversão à esquerda numa já prevista ligação BR-101-Guaratuba. Na última temporada de verão o índice de paulistas nos hotéis de Guaratuba era superior a 75%. Os ônibus de turismo que demandam ao Sul do País seguiriam obrigatoriamente pelo trecho da BR-101, coisa que não ocorre atualmente visto que a grande maioria das agências não arrisca perder precioso tempo de sua programação nas filas do ferry-boat. Nesse particular, cabe lembrar que a BR-101 resolveria, definitivamente, o sério problema do acesso a Guaratuba, maior balneário do Paraná, que fica permanentemente em transe: acesso pelo ferry-boat ou acesso pelo Corredor da Morte. O projeto para a construção da BR-101, trecho Morretes-Garuva, está pronto e pago. Acredito, sinceramente, que a construção da rodovia é uma questão de tempo, nem tanto de dinheiro. Caminhoneiros que demandam de Santa Catarina, subindo o "Corredor da Morte" e descendo a BR-277, freqüentadores de Guaratuba e do Litoral, pagariam, prazerosamente um pedágio para transitar pelo trecho paranaense da BR-101. Para finalizar, mais dois aspectos a lembrar: 1. - Economia para o governo do Paraná com a desativação de pelo menos quatro de seus seis "ferry-boats". 2. - Segurança Nacional haja visto que qualquer desmoronamento ou qualquer acidente na BR-277, ilhará Paranaguá e consequentemente paralisará o nosso maior Porto. Urge que haja mais uma alternativa para acesso ao porto: a BR-101, entre Morretes e Garuva. LEGENDA FOTO - Marcus: quer a BR-101.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
27/11/1986

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