Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de janeiro de 1974
Dorival Caymmi passou alguns anos sem gravar e só voltou ao disco em 1972, com um dos melhores discos do ano: músicas novas - incluindo "Dona Francisca" - acompanhamentos perfeitos e uma capa com um de seus bons óleos, ele que é um pintor amador de rara inspiração e que dentro de alguns meses, finalmente fará uma exposição individual. A aceitação que mereceu o seu disco comprovou que o seu prestígio só tem crescido e assim o grande poeta decidiu fazer um novo disco em 73. E para produzi-lo nada melhor do que aproveitar a volta de Aloysio de Oliveira, talvez o nosso mais criativo record-man, que na Elenco realizou o antológico lp em que Caymmi e seus filhos - Dory (na cidade, participando do Festival de Música), Danilo e Nana, visitavam Antônio Carlos Jobim. Recém-chegado dos EUA, com muitos planos, Aloysio havia acabado de produzir o disco de Alayde Costa e Oscar Castro Neves e no caso de Caymmi decidiu propor uma experiência diferente; adaptar todos os seus temas para o ritmo de marcha-rancho, com orquestrações do maestro Gaya - ampliando popularmente ainda mais a obra do cantor da Bahia. O resultado, se em termos de comunicação é positivo, em criatividade artística é pequeno; os clássicos de Caymmi como "... Das Rosas", "Rosa Morena", a "Canção da Partida" da "Suíte de Pescadores", "Marina", "Canceiro", "Sábado em Copacabana", "Coqueiro de Itapoan", "Acalanto" etc, nada adquiriram nesta roupagem popularesca e assim se um Caymmi jamais decepciona, este seu disco também nada acrescenta a sua respeitabilíssima fonografia. Vamos pois esperar o seu lp de 74 e passar por cima desta experiência.
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