Na curva do tomate, a festa de Flora e Airto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de agosto de 1986
Domingo foi um dia de festa na Curva do Tomate, no Uberaba.
Os vizinhos, amigos e parentes da família Moreira reuniram-se na casa de dona Zelinda, que, só sorrisos e alegria, recebia para uma ocasião muito especial: a comemoração do 14º aniversário de sua neta, Diana e, pela primeira vez, em 18 anos, a presença em sua casa, de sua nora, Flora Purim - ao lado de seu marido, Airto Guimorvan Moreira.
Descontraída, de jeans, Flora recebia as pessoas simples e amigas da vizinhança, longe de parecer a cantora que eletriza multidões e que ainda, na semana passada, havia se apresentado para milhares de pessoas em Cleveland, Detroit, Washington, Philadelphia e, na véspera de embarcar para o Brasil, em New Orleans.
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Antes de iniciar o tour pelo Brasil (São Paulo, até domingo; dia 26, teatro Guaíra; a partir do dia 28 no Canecão, Rio), Airto e Flora fizeram questão de vir a Curitiba para visitar seus familiares. Absolutamente incógnitos, só avisando dona Zelinda, Airto e Flora foram, entretanto, surpreendidos por um fotógrafo no aeroporto do Galeão, quando aguardavam o avião para Curitiba. Entretanto, só a partir de segunda-feira a noite falaram à imprensa nacional. Antes, no domingo, em Curitiba, gravaram um depoimento exclusivo para O Estado do Paraná, no Estúdio Vinícius de Moraes - e que será publicado no "Almanaque", de domingo.
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Flora, 44 anos completados a 6 de março, confessa que embora em seus 18 anos de vivência nos Estados Unidos tenha se acostumado a cantar para grandes públicos, sente-se, pela primeira vez, emocionada, ao voltar profissionalmente ao Brasil. Afinal, em 1963, quando começou sua carreira, no Beco das Garrafas, no Rio, como intérprete de Bossa Nova, apresentava-se para pequenos auditórios, num repertório totalmente diferente daquele que hoje ela desenvolve - e que só de composições próprias, em parceria com Airto e outros grandes nomes da música contemporânea (entre os quais Chick Corea e Stanley Clark), passam de 200 temas.
Entre 23 de maio a 12 de junho, Airto e Flora fizeram um longo roteiro europeu, apresentando-se em 14 cidades da França, Itália, Áustria, Alemanha, Suíça e Inglaterra. Depois, de 15 de junho a 27 de julho, novo roteiro, iniciado no Playboy Jazz Festival, no Hollywood Bowl, e encerrado em Washington.
Com agenda preenchida até março de 1987, o casal não pára. Depois de duas semanas no Brasil, retorna para cumprir uma série de compromissos: o Russian River Jazz Festival, na Califórnia e, logo a seguir, o Jacksonville Jazz Festival, em Lauderdale, na Flórida. Depois, de 21 a 26 de outubro, no Blue Note, em Nova Yorque e, a partir do dia 28 de outubro, nova excursão européia, com escala no Berlim Jazz Festival.
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Steps of the Imagination, o grupo que vem acompanhando Flora e Airto está com uma excelente formação: Marcos Silva, nos teclados e arranjos; Ricardo Peixoto na guitarra; o curitibano Celso Alberti na bateria e percussão e três americanos: o baixista Gary Brown, pistonista Jeff Elliott e, uma novidade - uma extraordinária flautista e sax barítona Mary Magdalena Fettib. "Esta mulher é incrível" - garante Flora - que, entusiasmada com sua performance num show, a convidou para fazer parte do grupo há alguns meses.
Na temporada brasileira, Airto e Flora também incluirão um trombonista, a ser definido nesta semana. Entusiasmada com o talento de Celso Alberti, Flora está reservando no programa da próxima terça-feira, dia 26, um espaço especial para este curitibano mostrar seu talento na bateria e percussão.
- Serão dois grandes curitibanos na percussão: Airto e Alberti, representando duas gerações.
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