Na justiça, o plágio do poema de Chichorro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de agosto de 1991
Um original processo referente a direitos autorais destinado a ter cobertura da imprensa nacional - pela curiosidade de sua motivação será detonado nos próximos dias. Já se encontra tramitando na Justiça o pedido para ser processado um "poeta" da cidade que, há cinco meses, compareceu a uma reunião pública da Academia Paranaense de Letras e ali declamou como de sua autoria versos que, na verdade, foram escritos em 1953 por um dos mais conhecidos e estimados jornalistas (e poetas) paranaenses, Alceu Chichorro.
Além de ter declamado os versos, o "poeta" (sic) ainda "ofereceu" à biblioteca do Centro de Letras um exemplar do livro em que publicou a poesia. O azar foi que entre as pessoas que presenciaram a tertúlia literária estava o professor Luís Pilotto, dono da privilegiada memória que, na mesma hora, reconheceu aqueles versos. Foi para casa, pesquisou em sua biblioteca e localizou na edição especial que a revista "Ilustração Brasileira" publicou em dezembro de 1953, comemorativa ao centenário do Paraná, o poema plagiado. Em todas as palavras, com mudança apenas de algumas vírgulas e pontos.
A reação dos intelectuais, especialmente dos que foram amigos de Chichorro, foi grande, pelo atrevimento do falso poeta em não só plagiar o trabalho de um escritor da dimensão do criador de "Chico Fumaça", como pela audácia de ir declamar na entidade da qual o autor foi integrante por tantos anos. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná - que tem Chichorro como patrono, já que foi um de seus fundadores e primeiro presidente - deu respaldo legal para a petição encaminhada ao juiz da 8ª Vara que deverá enquadrar o plagiário num processo destinado a lhe trazer muitas dores de cabeça. E que começará com sua intimação, a ocorrer nos próximos dias, para depor na Delegacia de Falsificações e Defraudações.
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