No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de novembro de 1989
"Que bom te ver viva" já poderia ter sido visto em Curitiba. Lucia Murat se dispôs a trazê-lo para o encerramento do Festival do Cinema Brasileiro, organizado pelo colunista Alcy Ramalho Filho em setembro último. Infelizmente, por excesso de longas que ali competiram, faltou espaço para que o excelente documentário tivesse sua apresentação hor concours.
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Dentro da programação de aproveitar neste período eleitoral todos os filmes com temas políticos, inéditos, a Embrafilme, através de sua diretoria comercial ocupada por Ney Sroulevich, programou o lançamento de "Que bom te ver viva" em várias capitais (no Rio, está em exibição com bom público). Só se espera que, em Curitiba, se for programada em alguma das salas da Secretaria Municipal de Cultura, haja o mínimo cuidado na promoção, mobilizando-se instituições ligadas aos direitos humanos, grupos políticos etc. Trazendo-se a realizadora - para que haja a merecida repercussão do filme.
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Octávio Bezerra, diretor de "Um Avenida Chamada Brasil" - o documentário que abriu ontem a noite o Festival - continua a ser inédito em Curitiba (assim como várias outras capitais) o seu excelente "Memória Viva", duas premiações no FestRio-87, prêmio Paulo Emílio Salles Gomes na XVII Jornada do Cinema da Bahia (setembro/88) e já levado a vários eventos no Exterior.
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A partir de idéias e da trajetória cultural de Aluísio Magalhães (1927-1982), que morreu em Veneza, quando ali participava de um encontro de dirigentes culturais, o filme de Bezerra também exige um lançamneto especial. Em outubro do ano passado, por ocasião da amostragem dos premiados em Salvador, realizada no cinema Groff, chamamos a atenção para que animadores da área cultural, especialmente profissionais do designer - como Ivens Jesus Fontoura (coordenador de museus da Secretaria da Cultura) e arquiteto Manoel Coelho (na época diretor do curso de Arquitetura da UFPR, hoje secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano) - assistissem ao filme de Bezera, que por enfoque na obra de Aluisio Magalhães (entre outras atividades, também um dos primeiros a valorizar o designer no Brasil), merece ter esta obra com um lançamento especial, precedido de palestras, mesas redondas etc. Um evento que poderá ser realizado com grande rendimento, bastando que haja disposição do mesmo ser bem organizado.
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A repercussão que "Uma Avenida Chamada Brasil", segundo longa de Bezerra - e a propósito do qual, há um ano, já nos referíamos em nossas colunas - vem tendo, antecipará, por certo, a exibição deste documentário que mostra a violência urbana. Portanto, mais do que nunca, é a ocasião para se englobar uma boa promoção retrospectiva da obra de Bezerra, 42 anos, autor de vários curtas-metragens, sempre voltando à realidade brasileira.
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A curitibana Christina Gebran, poeta, professora e animadora cultural, hoje residente em Brasília, divide com Maria Feliz Fontelle, a eficiente coordenação de divulgação do Festival, apesar do pouco tempo que teve para montar a equipe, o experiente Marco Antônio Guimarães, coordenador geral, reuniu gente entusiasmada para fazer o evento funcionar: Luiza Dornas e Mônica Coelho na promoção; Nira Foster e Cândida Maria Paiva Gama da parte adminstrativa.
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A sede do Festival é no hotel Carlton. Aqui estão hospedados realizadores, artistas, jornalistas e também acontecem, pela manhã, os debates em torno dos filmes - longos e curtas - em competição.
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Como as cópias não ficaram concluídas a tempo, dois filmes que disputariam entre os longas continuam inéditos: "Barella", do paulista Marco Antônio Cury - co-produzido pela Cinédia, baseado na peça de Plínio Marcos e "O Círculo do Fogo", do mineiro (radicado em Brasília) Geraldo Moraes. Foram substituídos na competição por "Lili, a estrela do crime" de Lui Farias (que será exibido hoja à noite) e "Jardim de Alah", de David Neves, programado para sábado.
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