O Cineduc - Cinema e Educação, grupo que atua na formação das novas platéias cinematográficas, promoveu numa das salas do Plaza Kubitschek uma oficina para mostrar as crianças como é - e como se faz - cinema, completada com projeções de filmes de animação e dois longas de Maurício de Souza. As professoras Hilda Ribeiro Soares, Marialva Monteiro (autora de "Cinema, Janela Mágica", 1980) e Regina Fernandes, mais Luís Fernando Batista, formaram um júri para outorgar um prêmio com a mensagem mais positiva a juventude entre todos os filmes aqui apresentados. xxx José Tavares de Barros, diretor do curso de cinema da Universidade Federal de Minas Gerais, montador e presidente para a América Latina da organização Católica Internacional de Cinema, sendo muito cumprimentado por seus amigos: dia 20 de setembro último, teve aprovado com nota máxima a sua tese de doutorado na área da Literatura Comparada sobre "A Imagem da Palavra: texto literário e texto crítico", no qual apresenta reflexões sobre as relações entre cinema e literatura, com as principais teorias, conceitos do autor e texto de recepção, analisando especialmente a seqüência do menino mais novo de "Vidas Secas". Na tese, Barros desenvolve ainda proposta pessoal do roteiro de "Campo Geral", de Guimarães Rosa, comparada com o roteiro de Roberto Santos inspirado no mesmo conto. A Zahar possivelmente lance em livro a tese. Barros já está empenhado em outro trabalho: atualizar a bibliografia sobre cinema brasileiro, a partir do trabalho de Jean Claude Bernardete. xxx Pedro Jorge de Castro, realizador de "Tigipió", professor da Universidade Federal de Brasília, mostrou a alguns amigos uma parte das 8h de vídeo documentando o "making off" do último filme dos irmãos Taviani, num projeto que o levou a passar 10 meses na Itália no ano passado. Tavares de Barros vai montar o vídeo. Devido ao Plano Collor, o projeto de trazer uma grande mostra dos irmãos Taviani - possivelmente os próprios irmãos-cineastas ao Brasil (e que incluiria Curitiba) ficou adiado. xxx A repercussão de "Conterrâneos Velhos de Guerra", de Vladimir de Carvalho, foi tão grande após a sua exibição no domingo a tarde, que José de Matta, membro do júri de 16mm, programador do Cine Brasília e um dos esteios do movimento cinematográfico do Distrito Federal, providenciou uma segunda sessão na segunda-feira. Na noite de domingo, no cine Brasília, o curta-metragista Francisco César Filho, usou o seu tempo, antes da projeção do curta "Hip-Hop SP", para enaltecer os méritos do filme de Vladimir. xxx Dentro da característica que faz do Festival de Brasília um fórum de debates e reflexões sobre a realidade cinematográfica brasileira, não há preocupação de trazer estrelas e starletes do mundo global. Há nomes conhecidos, é claro, mas dos elencos dos longas-metragens em competição. Para quem esperava ver à beira da micropiscina do Kubitschek Plaza estrelas em fio-dental, teve que se contentar com o desdentado - mas muito simpático - Tião Macalé (Augusto Temistocles da Silva Costa), 55 anos, baiano de Salvador, ator em "O Escorpião Escarlate". xxx No debate sobre vídeo e cinema, das presenças anunciadas só veio Wilson Cunha, crítico de "O Dia", programador da Rede Manchete (onde apresenta também "Cinemania"), que já no domingo retornava - pois segunda-feira embarcou para assistir ao Festival de Cinema de Nova York. Rubens Ewald, da TV-Record, não veio, pois está acabando de chegar de São Paulo após nova viagem aos EUA. No debate, quem participou pela Rede Manchete foi Celso Sabadin. xxx Também no debate sobre mercado de vídeo não apareceu nenhum representante de organismo oficial. Assim como Luiz Paulo Velloso Lucas, da Diretoria de Política Industrial do Ministério da Economia não deu as caras. Enfim, o governo federal parece não ter tido mesmo coração de ao menos se fazer representar nos debates do Festival.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 24

Data: 17/10/1990

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