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Aramis

Cinema para ler - Dois livros sobre cinema brasileiro

Um dos melhores exemplos de aplicação de recursos pela Lei Sarney foi dado no ano passado pelo Banco de Crédito Nacional. Associando-se a Art Editora, casa publicadora de Marcos Marcondes que faz apenas projetos especiais - e a cujo idealismo deve-se a indispensável "Enciclopédia da Música Brasileira" (dois volumes, 1966, esgotada), saiu "História do Cinema Brasileira" (554 páginas, edição de capa dupla, planejamento gráfico de Teobaldo Semionato). Reunindo em sete módulos, ensaios que procuram dar uma visão panorâmica do cinema brasileiro, o livro é completado por uma filmografia levantada por Ricardo Mendes, além de índices onomástico e de filmes e um caderno de ilustrações. Roberto Moura, jornalista, assessor da Embrafilme, escreve sobre "A Bela Época" (Primórdios-1912) e "Cinema Carioca" (1912-1930); Ana Lúcia Lobato analisa "Os Ciclos Regionais de Minas Gerais, Norte e Nordeste" (1912-1930); Rubens Machado por sua vez, analisa "O Cinema Paulistano e os Ciclos Regionais Sul-Sudeste" (1912-1933); João Luiz Vieira, agora na direção da Cinemateca do MAM, escreve sobre sua grande especialidade: "A Chanchada e o Cinema Carioca" (1930-1955); Afrânio Mendes Catani faz a análise de "A Aventura Industrial e o Cinema Paulista" (1930-1955), enquanto José Mário Ortiz Ramos vem para os dias atuais com o "Cinema Brasileiro Contemporâneo" (1970-1987) e Fernão Ramos, coordenador da obra, escreveu sobre "Os Novos Rumos do Cinema Brasileiro" (1955-1970). Além de coordenar "História do Cinema Brasileiro", Fernão Ramos teve outro básico livro editado recentemente: "Cinema Marginal (1968-1973) - A Representação em seu Limite" (Brasiliense/Embrafilme, 156 páginas). Escrito em 1984, a partir de um projeto financiado pela Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo, o ensaio de Fernão vem, de certa forma, acrescentar-se ao pioneiro "Cinema da Invenção", de Jairo Ferreira - ao se debruçar sobre o cinema udigrudi que, visto inicialmente com preconceitos, hoje é devidamente valorizado - através das obras de Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e, especialmente, Ozualdo Candeias - um realizador de intensa voltagem, que constantemente tem vindo a Curitiba, aqui tendo inclusive orientado já vários cursos de cinema, desde os bons tempos em que seu amigo Valêncio Xavier sabia fazer da Cinemateca do Museu Guido Viaro uma unidade atuante. Em seu livro, Fernão Ramos traça os contornos da produção marginal em São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador entre 1968/1973 e apresenta a chamada "estética do lixo", reunindo uma filmografia completa de todos os filmes do Cinema Marginal.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
13/10/1988

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