Cinema para ler - Pioneirismo de Viany
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de julho de 1988
Há 30 anos, Alex Viany elaborava um livro fundamental para a compreensão de nosso cinema. Jornalista e crítico, tendo vivido em Hollywood nos anos 40, realizador de filmes importantes ("Agulha no Palheiro", 1953; "Ria Sem Sol", 54), colaborador como roteirista em outros, pode-se dizer que Viany foi o primeiro grande pesquisador de nosso cinema - em que pese a importância de outros pioneiros.
Sua "Introdução ao Cinema Brasileiro", editado pelo INL/MEC, em 1959, foi o primeiro quem é quem de nosso cinema: além da introdução histórica, trouxe o levantamento filmográfico e de realizadores do cinema, com dezenas de ilustrações. Passados três décadas, é ainda fonte obrigatória de consulta quando se escreve sobre cinema brasileiro.
Dezenas de outros livros foram lançados nos últimos anos, inclusive está em andamento uma filmografia do cinema brasileiro em trabalho de equipe da Embrafilmes (agora Fundação do Cinema Brasileiro), pois Viany foi o primeiro a reconhecer as limitações de seu trabalho.
Mas o importante é que numa época em que a pesquisa do cinema inexistia praticamente, ele fez sua "Introdução", que agora vem ser reeditada (Embrafilmes/ Alhambra, 160 páginas), embora excluindo a filmografia, já que esta, completa na época dentro do que havia de disponível, hoje está obsoleta - e vem sendo feita a parte já com meia dúzia de volumes lançados. Em compensação, a edição ganhou textos de apresentação do cineasta David Neves e da pesquisadora Maria Rita Galvão, além da transcrição do prefácio da primeira edição. Em três capítulos ("A infância não foi risonha e franca", "no princípio era o verbo" e "Viagem (com escala) à terra de Vera Cruz"), e mais os perfis dos pioneiros Afonso Segreto e Vito Di Maio e o pequeno ensaio "Cinema no Brasil: o velho e o Novo". Viany oferece mais uma vez um livro absolutamente indispensável a todos que se interessam pelo nosso cinema.
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