Ganhou continuidade pioneirismo de Alceu
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de julho de 1988
O trabalho pioneiro de um paranaense está fazendo escola: acaba de ser publicada a "Bibliografia da Música Brasileira - 1977/1984" (Serviço de Biblioteca e Documentação da Escola de Comunicação e Artes/ Universidade de São Paulo, 275 páginas). Resultado de pelo menos 4 anos de pesquisas de três bibliotecárias paulistas, Irati Antônio, Rita de Cássia Rodrigues e Heloísa Helena Bauab, esta "Bibliografia" vem detalhar o pioneiro trabalho que Alceu Schwaab, professor universitário, pesquisador de música, publicou há quatro anos ("MPB-Bibliografia", edição do autor, 80 páginas), e obra referencial da maior importância a todos que se interessam pela nossa cultura musical.
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Irati Antônio, assim como Alceu, é uma apaixonada pela nossa música popular e há 6 anos foi a vencedora do concurso de monografias Lúcio Rangel, promovido pela Divisão de Música Popular/ Funarte, com seu estudo sobre o compositor e instrumentista Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), ("Garoto, sinal dos tempos"), em parceria com Regina Ferreira. Desde aquela época, Irati já vinha levantando toda a bibliografia existente sobre a música popular brasileira, ampliando a pesquisa para artigos, ensaios e mesmo textos avulsos, buscando, inclusive, bibliotecas particulares. Fez, assim, um valioso trabalho complementar ao pioneiro estudo de Alceu Schwaab que, na verdade, nasceu de uma forma descontraída e informal, há 14 anos.
Quando idealizamos o I Encontro de Pesquisadores da MPB (auditório Salvador de Ferrante do Teatro Guaíra, 28 de fevereiro a 2 de março de 1975), Schwaab, por nossa sugestão, entendeu necessária uma contribuição simples, mas que fazia falta: o levantamento do que existia editado sobre a nossa MPB. Ninguém melhor do que ele para fazer a listagem: apaixonado por música desde seus tempos de menino em Ponta Grossa, onde nasceu há 63 anos, engenheiro químico da turma de 1948, professor há 38 anos da Universidade Federal do Paraná, sempre dedicou-se a colecionar o melhor da nossa música, acompanhado da formação de uma biblioteca especializada - com todos os títulos referentes à música que pode ter acesso. Assim, mesmo sabendo das limitações naturais de uma bibliografia pobre, espalhada por edições que na maioria das vezes não ultrapassaram o círculo de amizades de seus autores, o trabalho pioneiro de Alceu foi tão significativo que um dos mais respeitados nomes de nosso jornalismo, Lúcio Rangel (1914-1979), participante do I Encontro de Pesquisadores, não só enalteceu a pesquisa como, partindo deste levantamento, publicou reportagem no "Caderno B" do Jornal do Brasil, transformado, posteriormente, num opúsculo de 20 páginas, editado pela Livraria São José (1976).
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Ampliando sua bibliografia, fazendo consultas junto a outros estudiosos - especialmente J, Ramos Tinhorão, em São Paulo - Schwaab listava em 1975, nada menos de 471 títulos - com os mais diferentes enfoques, abordando a música popular no Brasil. Evidentemente, que nestes último anos, a bibliografia cresceu, pois estimuladas pelo exemplo dado pela Funarte - que já editou mais de 20 monografias, vencedoras do concurso Lúcio Rangel - editoras particulares passaram a também incluir títulos relacionados a MPB em seus lançamentos.
O cuidadoso trabalho que Irati Antônio, mais suas colegas Rita de Cássia Rodrigues e Heloísa Helena Bauab - desenvolveram , veio atualizar e ampliar o levantamento de Schwaab, embora também encerre-se em 1984 - mas espraiando-se por áreas mais específicas que no trabalho do pesquisador paranaense não constam.
LEGENDA FOTO - Alceu Schwaab: bibliografia faz escola.
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