Leia os Livros para entender mais o som
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de maio de 1984
O professor Alceu Schwaab, tesoureiro da Associação dos Pesquisadores de MPB e um dos mais organizados estudiosos de nossa música, já fez a revisão final de um paciente trabalho que lhe custou anos de anotações: "Bibliografia de MPB ", Ampliando uma modesta contribuição que, há 9 anos passados, apresentou quando do primeiro encontro dos homens que se preocupam com a nossa memória músical ( realizada em Curitiba, entre 28 de fevereiro a 2 de março de 1975 ), Schwaab, em sua organizacão germânica efetuou um levantamento de mais de 300 titulos de livros que se voltam a um tema único: a música popular brasileira.
Embora o trabalho de Sbwaab tenha procurado ser o mais abrangente e completo, e para tanto trocou dezenas de cartas com outros pesquisadores e mergulhou nos empoierados arquivos do "Papa" J.Ramos Tinhorão - obviamente que o seu livro, quando for lançado nas próximas semanas, estará sujeito a atualizações. Isto porque, felizmente. Após décadas de jejum editorial, á área musical tem sua bibliografia fortalecida mensalmente. De principio, graças á Funarte, onde este incansável agitador cultural chamado Herminio Bello de Carvalho realiza um trabalho magnifico no Departamento de Música Popular. Desde 1977, quando houve o primeiro concurso do projeto Lucio Rangel de Monografias da MPB, premiando o completo ensaio de Sérgio Cabel sobre "Pinxiguinha", "vida e obra", a Funarte editou II livros, quatro dos quais acabam de sair: "Araci Cortes / Linda Flor ", de Roberto Ruiz. " Um Certo Geraldo Pereira", de Marilia Barbosa e Arthur Oliveira Filho, que anteriormente enriqueceram a bibliografia com os premiados ensaios sobre Paulo da Portela e Silas de Oliveira, acabam de lançar "Cartola, os tempos idos" e o dinâmico Roberto Moura, ex-Pasquim" , mergulha na pré-história do samba em "Tira Ciata e a pequena África do Rio de Janeiro", Estes livros somam-se, assim as monografias de Claver Filho ( "Waldemar Henrique, o canto da Amazônia"Irati Antônio / Regina Pereira ( " Garoto, Final dos Tempos" ), José Leal / Arthur Barbosa ( " João Pernanbuco, arte de um povo" ), Sonia Rodrigues ( "Jararaca e Ratinho ") e " Patápio, músico erudito ou popular ?".
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O livro " Linha Flor " de Roberto Ruiz sai dentro das comemorações dos 80 anos da grande Araci Cortes, estrela do Teatro de revista na década e 20, e que também mereceu um elepê magnifico, reunindo os mais expressivos momentos de sua carreira, trabalho de outro notável pesquisdor, Jairo Severino Já " Um certo Geraldo Pereira" é o resgate da notável figura de um inovador da música brasileira. Monografia premiada em 1981, obra de equipe do jornalista Francisco Duarte Silva, professoras Alice Duarte Silva e Dulcineia Nunes Gomes e Nelson Matos o Nelson Sargento, compositor de obra magnifica, Embora tenha nascido em Juiz de Fora, num dia de São Jorge ( 23/04/1918 ). Geraldo Pereira foi criado no Morro de Santo Antonio, na Mangueira. O tipo acabado de malndro carioca mulherengo, brigão, saúde delicada, morte prematura de causa controvertida: em 8 de maio de 1955, numa fatal briga com outra figura lendária da malandragem carioca. Madame Satã ( João Francisco dos Santos ). Geraldo foi um sambista genial, que João Gilberto viria a popularizar já no inicio de Bossa Nova. Regravando duas de suas obras pirmas ( " Falsa baiana" e " Escurinho" ) e que deixou composições como " Acertei na milhar " ( em parceria como outro "malandro" da MPB, Wilson Baptista, e gravado por Moreira da Silva, " Já tenho outra em seu lugar", " Sem compromisso" e muito mais. Geraldo fazia sambas sincopados cujas letras são crônicas da vida dos subúrbios do Rio de Janeiro. Por isto, paralelamente a história de sambista. " Um certo Geraldo Pereira" revela aspectos da vida da cidade, ambiente por onde circulava e buscava a inspiração: o morro de Santo Antonio, a escola musical e radiofônico carioca dos anos 40 / 50, as gafieiras, a boêmia da Lapa e seu principal bar " A Capela". Como dizem seus autores, um livro que pode ser adotado nas escolas como obra de apoio, paradidático, nas áreas de comunicação, jornalismo, rádio e TV,usos e costumes, folclore urbano, estudos sociais ou música em geral.
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Alimirante ( Henrique Foréis Domingues, 1908-1980 ), foi o primeiro a se preocupar com a memória de nossa MPB, legando um precioso acervo que hoje se encontra no MIS carioca. Lucio Rangel ( 1914 -1981 ). Foi o primeiro jornalista a disciplinadamente se voltar a MPB, embora. Por temperamento fosse mais um ensaista. Apenas expecionalmente se preocupando com a biografia dos que estavam construindo o grande acervo de nossa música popular. Assim. Como bem observa outro grande estudioso, o bom amigo Ary Vasconcelos, coube a Fernando Sales, baiano de Andarai, 63 anos, fixar vidas inteiras de mestres da MPB nas páginas de " A Cigarra", de saudosa memória. Nos anos 50, na qual substituiu na cobertura da área musical ao seu irmão. Herberto Salles, hoje romancista famoso. Por insistência de Ary Vasconcelos. Fernando Sales acaba de selecionar alguns dos textos mais importantes daquela época, reunidos em " MPB" em Pauta". Lançamento da livraria José Olympio ( que há poucos meses já havia editado em livro postumo de David Nasser, também sobre MPB ). Em 112 páginas, importantes perfis de personalidades musicais da velha guarda, numa linguagem gostosa e coloquial. Ary Vasconcelos fez bem em ensistir com Fernando Sales: este material não poderia ficar esquecido nas páginas de " A Cigarra".
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A Brasiliense, de Caio Graco, através de sua coleção "Primeiros Passos", vem também dando uma contribuição à bibliografia da música só que não se restringindo apenas ao memoral verde amarelo. Assim se a figura mistica de Carmem Miranda ( 1909-1955 ), ganha um novo ensasio biográfico de Luiz Henrique Saia, há ensaios mais abrangentes, embora todos numa linguagem simples, dentro da filosofia definida no próprio titulo da coleção. O Jornalista Roberto Mugiatti, curitibano, há mais de 20 anos no Rio de Janeiro ( editor da "Manchete" ) explica " O que é Jazz", enquanto o rock é tratado por Paulo Pan Chacon, 30 anos, professor e roqueiro fanático, e Antonio Bivar, 43 anos, conhecido por suas peças ( "Cordélia Brasil", abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o sol da Manhã ), mergulha no mundo do "Punk",ele que viveu na swinging London por muitos anos. J. Jota de Moraes, 40 anos,propõe uma visão também abrangente da música nas 104 páginas de seu livro. Enfim, não é por falta de leitura que deixará de entender melhor o som do passado e do presente.
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