Reedição de Barg e discursos de Lacerda
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de julho de 1988
Leon Barg, editor do selo Revivendo que vem fazendo preciosos relançamentos da música dos anos de ouro de nosso cancioneiro, viaja hoje para o Rio de Janeiro. Vai acertar a produção de mais algumas preciosidades fonográficas, inclusive com fonogramas da EMI-Odeon - multinacional detentora de grande parte do que de melhor se fez em nossa música entre as décadas de 20 a 50, mas que só bissextamente tem feito algumas reedições. Agora, [com o] estímulo por iniciativas independentes, como a Leon Barg, em Curitiba: da etiqueta Filigranas Musicais e mesmo da Collector's, seus executivos parece que acordaram e estão também vendo a importância de recolocarem nas lojas, com reprocessamento eletrônico que elimine os ruídos das gravações originais, gravações que fizeram a história de nosso cancioneiro.
Leon Barg, dono de um dos mais importantes acervos em 78 rpm (mais sem desprezar longas durações), iniciou este ano um democrático trabalho: em uma dezena de elepês, trouxe gravações dos nomes mais importantes da MPB (mas também de cantores/as que não chegaram a ser famosos), usando especialmente registros em 78 rpm, ou seja, que permaceciam praticamente inéditos para a maioria do público.
Os últimos dois lançamentos da série "Revivendo" foram gravações reunindo duetos dos cantores Mário Reis (1907-1981) e Francisco Alves e um álbum dedicado a Paraguaçu (Roque Ricciardi, 1894-1976). Nas próximas senamas, devem sair os discos que reúnem Ataulfo Alves (1909-1969), Ismael Silva (1905-1978), Déo (Farjala Rizkalla, 1914-1971) e Isaura Garcia (SP, 26/2/1923). Leon também ultima a produção de um álbum especial ("Abolição e Música), com canções e intérpretes negros, a ser lançado nos próximos meses.
Paralelamente, outros projetos de memória musical vão sendo desenvolvidos. A Collector's chega ao 100º volume da séire "Assim Era o Rádio", em minicassetes, com programas que mostram a força de comunicação do rádio em mais de 50 anos. Neste último pacote, há dois discursos de Carlos Lacerda - ataçando a Samuel Wainer e a Última Hora. Há também programas de Fernando Lobo, Pixinguinha e o Pessoal da Velha Guarda. Orquestra de Lírio Panicalli. Silvio Caldas, Vicente Celestino e, por último, documentário dos programas jornalísticos no golpe militar de 1º de abril de 1964.
Enviar novo comentário