Os tesouros sonoros do arquivo de Leon
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de outubro de 1988
Leon Barg viaja hoje para Recife - sua cidade Natal, que deixou há quase 40 anos - mais de 30 dos quais em Curitiba. Dono da maior coleção de discos de 78 rpm da música popular brasileira, Leon criou a etiqueta "Revivendo", exclusivamente para reeditar o que há de melhor em nossa música - e neste mês acrescentará aos doze títulos já na praça, mais quatro discos, todos gravações raríssimas.
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Assim, antes de viajar, Leon acertou com a Odeon a reedição de dois discos de Francisco Alves, com gravações inéditas. Também um importante álbum com Dalva de Oliveira (1917-1972), acompanhada pela orquestra de Roberto Inglês, tem a reedição através do incansável Barg, que em Curitiba, é dono da loja Sartori, na Rua Barão do Rio Branco - e que hoje já distribui suas produções para colecionadores de todo o Brasil.
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Como conhece a nossa MPB a fundo, Leon tem feito verdadeiras revelações de intérpretes que permaneciam desconhecidos mesmo junto a áreas supostamente bem informadas. Assim relançou em elepê duas faixas com a cantora paulista Sônia de Carvalho - que faleceu há 3 meses - mas que teve a felicidade de ver o disco em que era lembrada. Outra cantora paulista, dos anos 30, esta ainda viva, que Leon redescobriu, foi Laís Marival.
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Agora, num novo elepê, Leon está incluindo três faixas com o cantor Januário de Oliveira - bela voz, mas ignorado até pela "Enciclopédia da Música Brasileira", ao lado de Abigail Alécio Parecis, da qual se sabe apenas que foi a primeira cantora a gravar, em 1928, o belíssimo "Flor Amorosa" (Antônio Callado) com a letra de Catulo da Paixão Cearense. Neste disco estarão também faixas com Estefânia Macedo e Paraguaçu (Roque Riciardi, 1894-1976), este já mais conhecido e que teve também um elepê, inteiro, reeditado pela Revivendo.
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Em outra produção-garimpagem, Leon incluiu mais algumas faixas com Sônia de Carvalho, ao lado de outra cantora esquecida - Helena Pinto Carvalho. No mesmo álbum, estarão presentes Mário Reis e Moreira da Silva.
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Como se não bastasse estas produções, Leon já relançou elepê com Déo (Ferjala Rizkalla, 1914-1971) e Isaurinha Garcia (São Paulo, 1923), outro com Ismael Silva (1905-1978) e Ataulfo Alves (1909-1969).
Nas programações da Revivendo, mais uma montagem com gravações de Linda Batista (1919-1988), ao lado de Araci Cortes (e Zaira Cavalcanti).
Como se vê o idealismo e competência do nosso Leon faz com que a época de ouro da MPB seja recuperada documentalmente.
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