Cinema para ler - Uma profunda introdução para se conhecer cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de janeiro de 1988
A era do vídeo trouxe um renascimento do cinema - ao menos em termos de interesse de informação, conforme aqui registramos na semana passada. Reflexos são sentidos na multiplicação de revistas de cinema e lançamentos de importantes títulos no mercado bibliográfico, com traduções e obras originais. O que justifica, também, a abertura de um espaço nesta página para informar ao leitores sobre as edições de obras de cinema. Começamos hoje, registrando o aparecimento da tradução brasileira (de Nilson Moulin Luzada), da obra "Saper Vedere il Cinema", de Antônio Costa, incluída pela Editora Globo em sua macetosa coleção "Compreender", que tem na direção o prestígio de Umberto Eco ("O Nome da Rosa") - o que já significa qualidade nos textos selecionados.
No prefácio, Inácio Araújo destaca que Antônio Costa, como autor que vai direto aos fatos, começa lembrando que, hoje, o cinema é visto, sobretudo, em TV e vídeo. "A observação, aparentemente óbvia, na verdade é um sintoma da intimidade do autor com o objeto de seu livro. Em todo o mundo, novas gerações de cinéfilos se formam mais através desses veículos do que pela freqüência às salas de espetáculos".
Não deixa de ser uma nova abordagem do cinema, especialmente num ponto de vista italiano - país em que, particularmente, o vídeo e a TV vieram ocupar um espaço originalmente coberto pelas salas de espetáculos, cinematecas e cineclubes. "No Brasil - observa Araújo - ao contrário, novos veículos servem para introduzir filmes que só passaram em cinemas quando de seu lançamento. As razões são variadas: nossas cinematecas sempre lutaram com falta de recursos, o que as levou a privilegiar a preservação dos filmes brasileiros (princípio mais do que justo, já que os demais filmes podem ser perfeitamente guardados em seus países de origem); o hábito das grandes companhias de queimarem, venderem ou repartirem as cópias existentes assim que expira o prazo da censura (cinco anos), limitou consideravelmente seja o acesso das cinematecas a uma série de filmes, seja a existência de um movimento cineclubístico forte".
O livro de Antônio Costa divide-se em capítulos didáticos - o que é o cinema, a linguagem, estética e semiótica, as diversas fases do cinema, etc., tornando a leitura das mais agradáveis. Embora, a primeira vista, pareça mais um livro de "introdução" aos que começam agora a se interessar pela magia da sétima arte, na verdade "Compreender o Cinema" é obra para todo público que ama as imagens. Um ótimo lançamento dentro de uma coleção econômica e muito bem planificada.
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