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Aramis

Cinema para ler - Para conhecer melhor o cinema de Wenders

Quando era o diretor editorial da Brasiliense - casa publicadora que deve muito de seu boom no início dos anos 80 ao seu talento, Luís Schwartz foi quem idealizou a edição em português de "Hitchcook", de François Truffaut - clássico sobre o mestre do suspense, fruto de centenas de horas de entrevistas com um de seus mais apaixonados estudiosos, o também cineasta Truffaut, falecido em 11/11/1984. Já a caminho da quarta edição, "Hitchcook por Truffaut" confirma que há uma faixa cada vez mais interessada por bons livros de cinema - até agora limitada nas caras edições importadas. Consciente disto, Schwartz, em sua excelente Companhia das Letras - a editora do ano em 1987 - programou obras básicas sobre cineastas, começando com os belíssimos livros "Memórias Imorais" - uma autobiografia de Sergei Eiseinstein (1898-1948) e "Wim Wenders e Seus Filmes - Olhos não se Compram", de Peter Buchka. O livro de Eiseinstein fica para registro posterior. O review hoje é para este fundamental livro para se entender melhor o cinema do alemão Wim Wenders, exemplo do cineasta dos anos 80, pois embora já tenha 21 anos de cinema - considerando-se seu primeiro curta-metragem ("Shcauplatze", 1967, 10 minutos) - foi só com "Paris-Texas" (1984, rodado entre 29 de setembro a 11 de dezembro de 1983), que se tornou um nome internacionalmente famoso. Agora, às vésperas da estréia no Brasil de seu premiado (Cannes 87) "O Céu sobre Berlim" (Der Gimmel Uber Berlim, rodado entre 20 de outubro/86 a 18 de fevereiro/87) e o lançamento, pela Globovídeo de seu "O Estado das Coisas" (Der Stand der Dinge, 1982, rodado na costa portuguesa e em Hollywood, na primavera de 1981), o interesse por sua obra aumenta cada vez mais ("Paris-Texas" também já tem em vídeo selado, e outros de seus filmes serão lançados este ano). Num ensaio brilhante (168 páginas, 198 fotos, tradução de Lúcia Nagib, capa de João Baptista da Costa Aguiar, Cz$ 950,00), que nasceu justamente de uma afinidade espiritual profunda com a obra de Wenders, Peter Buchka alia análises detalhadas, distanciamento crítico, agilidade jornalística e um natural entusiasmo ao discorrer sobre filmes como "Alice nas Cidades" (1973, o primeiro filme de Wim Wenders a encontrar grande repercussão mesmo na Europa), a seus longas anteriores - "Summer in the City / Dedicated do the Kinks" (1970, em 16mm) ou "O Medo do Goleiro diante do Penalti" (Die Angst des Tormanns beim Elmeter, com base no romance do próprio Handake, colaborador aliás dos primeiros filmes de Wenders). Observação: este seu romance já foi lançado no Brasil pela Brasiliense, há 4 meses. A análise de filmes como "O Amigo Americano", "Hammlet", "O Estado das Coisas", "Paris-Texas" - e os mais recentes - "O Céu sobre Berlim" (que deu o prêmio de melhor direção a Wenders, em Cannes no ano passado), assim como dos chamados "Diários Filmados - Letter from New York" (1982), "Chambre 666/N'Import Quand...", também de 1982 e "TokyoGa", 16mm, 1985 - ajudam ao leitor que começa agora a descobrir o cinema alemão, a melhor entender a densidade e importância de um cineasta que tem caracterizados seus filmes pelo estilo "on the road" (na estrada), tratando das ambulações, da incomunicabilidade e da constante busca de identidade de seus personagens. O autor, Peter Buchka, 45 anos, pertence a uma geração de críticos de cinema que se formou junto com os novos cineastas alemãos e acompanhou, passo a passo, sua evolução. Crítico do diário "Sueddetsche Zeitung", de Munique, há 15 anos escreveu vários ensaios e filmografias para a coleção "Film" (Hanser, Munique), o romance "O Medo do Goleiro...", além de "Die Schreibweise des Schweigens" (1974), sobre temas da literatura alemã romântica e contemporânea.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Vídeo/Som
8
04/02/1988

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