No final, todos estavam felizes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de julho de 1986
No final todos ficaram felizes. O público aplaudiu a decisão do Júri e, no palco do Tuiuti E. C. todos os finalistas da 14a edição do Festival Regional da Canção Popular, em Cascavel, já na madrugada de domingo, acompanharam o grupo Cigarra na grande vencedora - "Ventania", uma canção nativista, que, em dezembro último havia sido premiada também num festival de MPB em Pato Branco.
Mais uma vez o Fercapo confirmou ser o grande evento musical do Paraná, consolidado hoje como uma realização capaz de atrair participantes de vários Estados. A gravação de um elepê - a ser lançado dentro de 30 a 45 dias - satisfez, de certa forma a todos os finalistas, de forma que o clima era de euforia e satisfação.
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De uma modesta promoção, iniciada em janeiro de 1971, como "Festival de Jovens Intérpretes", o Fercapo foi adquirindo contornos de festival e, especialmente nesta década se firmando como um evento competitivo que proporciona que o Paraná tenha ao menos uma mostra de padrão nacional. Para isto, além do valor ascendente dos prêmios oferecidos - num total de quase Cz$ 50 mil, somando as diferentes categorias - consta também a preocupação de seus organizadores emdarem, cada vez mais um sentido profissional as apresentações, com uma afinada banda musical, as corretas apresentações dos comunicadores Caio Gottlieb e Baby Garroux (vinda especialmente de São Paulo) e a formação de um júri diversificado, presidido neste ano pelo radialista e animador cultural Zuza Homem de Mello, 51 anos, da Jovem Pan, de São Paulo.
Ao final, extenuados e satisfeitos, os dirigentes do Tuiuti E. C. - presidente Jaime Martins de Andrade, vice Euclides Motter e, especialmente o dinâmico diretor administrativo Jonas Pedreschi - viram o grande espetáculo de confraternização dos participantes. Se, de um lado, em termos musicais, pode-se fazer restrições a algumas das músicas selecionadas, o que não faltou foi garra e entusiasmo dos participantes, um dos fatores que deverá valorizar o elepê gravado ao vivo, com produção do experiente Ayrton dos Anjos, gerente-artístico da Continental na região Sul e que, em mais de 20 anos de atividades fonográficas já realizou mais de 200 álbuns registrando a música do Rio Grande do Sul, especialmente as dezenas de festivais que ali acontecem anualmente. Agora, numa abertura para o Paraná, a produção do elepê com as finalistas do Fercapo, além da divulgação nacional dos compositores e intérpretes, representa a possibilidade de novas realizações fonográficas acontecerem. Durante o festival, tanto Ayrton quanto a equipe de gravação - Estúdio Mix, de Florianópolis, dirigido pelo casal Aderley Thieves (Chico, ex-grupo Engenho) e Rita de Cássia Passos, foram contatados para outras realizações. O que é particularmente importante, já que até hoje, dos vários festivais ocorridos no Paraná, exceto o "Todos Os Cantos" (1980), nenhum teve registro em elepê. Dos 14 Fercapos, apenas por duas vezes (1972/74), modestos compactos simples, produções amadoras, registraram as primeiras classificadas.
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Para compensar o mau humor e falta de balanço do barulhento e irritante show de Zizi Possi na noite de quinta-feira, a sempre esfusiante Eliana Pittman apresentou com entusiasmo um alegre espetáculo na noite seguinte. Zizi Possi, talvez pelo cansaço de uma série de apresentações que vem fazendo em várias cidades, foi desatenciosa para com todos, fez exigências de superstar e prejudicada pelo péssimo grupo que a acompanha, liderado por seu marido, o guitarrista Gadelha, foi a que custou mais caro (Cz$ 50 mil). Já Eliana Pittman, mesmo repetindo músicas conhecidas, mostrou descontração e comunicou-se bem, ao lado de um afinado e elegante grupo no qual se destaca o veterano baterista Jorge Autuori.
Entretanto, o grande espetáculo foi o de sábado, na noite de encerramento. Altamiro Carrilho, 61 anos, 45 de flauta, a frente de seu energético conjunto, mostrou toda força do choro, com os clássicos da MPB, entremeados de sua descontração, revelando-se um animado show-man com deliciosas anedotas. Altamiro e sua esposa, Aracy - que, bonita voz e boa percussionista, integra o grupo acabaram adiando o retorno e permanecendo mais dois dias em Cascavel, repousando a convite do empresário Paulo Afonso Seara, um dos grandes animadores culturais da cidade.
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