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Aramis

A nossa noite Vazia

Apesar do pessimismo que cerca os comerciantes da noite curitibana, um deles, Elmo (Valtrick), "o garçon-artista", como gosta de se apresentar, decidiu investir parte do prêmio de Cr$ 2,5 milhões que recebeu na Loteria Esportiva, num projeto que muitos consideram "loucura": a construção de uma super casa- noturna, em formação de um avião, no bairro de Santa Felicidade. *** A terraplenagem da área já está sendo feita e a construção - um avião ao estilo do "Jatão Colorido" da Tranbrasil - deve ficar pronta até julho, quando a casa - com o nome de "O Jatão", será inaugurada. Terá uma área de 410 metros quadrados, na extensão de 41x10 metros, com 112 mesas e capacidade para 360 pessoas. Se localizará ao lado da "La Rond", restaurante dançante que Elmo comprou há quatro anos e que é uma das casas mais freqüentada por casais que preferem ambientes escuros, discretos e que, na seqüência, sempre garantem movimentos dos hotéis de alta rotatividade, dois dos quais em Santa Felicidade: o "Rebu" e o "Flamengo". *** Elmo Valtrick, 33 anos, lageano que chegou a Curitiba em 1970, se destacou já em seus primeiros dias de funcionários do restaurante Carreteiro, por suas habilidades artísticas. Simpático e imaginoso, conseguiu, comprar uma primeira casa, o restaurante "Sete Belo", passando depois para o "La Rond". Um dos sete paranaense premiados há alguns meses pela Loteria Esportiva, pode agora investir mais de Cr$ 1,5 milhão na construção do "Jatão", que pelas suas características e originalidade de construção será uma casa diferente em Santa Felicidade, o gastronômico bairro de Curitiba. *** Desde segunda-feira, o ex-deputado Sinval Martins, e seu sócio e irmão, Zeito, cancelaram os contratos com os músicos que tradicionalmente garantiam a música ao vivo do Carreteiro, um dos restaurantes de maior freqüência turísticas da cidade. Desanimados com o baixo movimento e preocupados com os altos custos operacionais - além do pagamento dos profissionais, também as taxas do ECAD - os irmãos Martins, a exemplo de outros comerciantes noturnos, acabaram optando pela música de fita. ( Ao menos entressafra turística, quando cai o movimento das casas). Orlando Wendler, 53 anos, irmão de Paulo Wendler (1914-1964) - que foi o "Rei da Noite" curitibana nos anos 50, é que há uma década movimenta o maior (inferninho da cidade, o "Star Dust", na Praça Osório, está em negociações com um comerciante paulista, para vender a sua casa. Se chegar ao preço que pretende - Cr$ 1 milhão - vai se afastar da noite e se dedicar ao ramo industrial, no setor de confecções. *** essas duas notícias, mais apropriadas a uma coluna de vida noturna, hoje inexistente na imprensa paranaense, mas que no ano passado, os jornalistas Enock de Lima Pereira ("Mauro", "A Grande Noite") e Renato ("Reinaldo Egas, "Ecos da Noite") editavam nos jornais "Tribuna do Paraná" e "Correio de Notícias", respectivamente, justificam-se. É que traduzem uma triste decadência da cada vez mais vazia noite da cidade. Restaurantes que dispensam músicas e comerciantes tradicionais do setor, que praticamente nunca tiveram outra ocupação, pensando em se dedicarem a novos negócios. Hoje não chega a meia dúzia o número de casas noturnas, mesmo as da barra pesada, como Star Dust, Graceful (Alameda Cabral), Pindusã, Naiá Drinks (Rua 13 de Maio), Cavanhaque`s, ( Rua Presidente Faria), etc. Na maioria delas, melancólicas música de fita, poucos fregueses, apesar da presença de mulheres embonecadas e que procuram dividir sua solidão e aumentar suas rendas. Os preços cada vez mais elevados - hoje uma noitada não fica por menos de Cr$ 2 mil, e como diz um velho garçom, Lima, "o cansaço dos velhos e poucos boêmios", parece ter esvaziado mesmo as casas noturnas. *** Poucos restaurantes noturnas se dispõem a manter música ao vivo e shows com atrações, já que o custo dos espetáculos muitas vezes não é compensado nem mesmo com a cobrança do "couvert". O Mouraria, de Fernando Zeni, é uma das poucas casas ainda a funcionar neste esquema. Assim, mesmo, os riscos são grandes: se um artista, como o compositor e cantor Lúcio Cardim, autor de "Martins & Filial", que ali esteve no último fim de semana, atrai um razoável público, no meio da semana a casa fica vazia. E não há recursos para manter shows em todas as noites. *** A verdade é uma só: nunca a noite esteve tão vazia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
16/03/1978
Olá....Aramis Millarch Que ótima ideia de trazer o passado para a internet através de seu Tablóide Digital ,como é bom poder descobrir um pouco mais da vida do meu Pai Elmo Walrtick ou Elmo o Garçom Artista, que com certeza fez parte da história e da noite Curitibana. Criando o diferente Restaurante "Jatão" Eu moro em Foz do Iguaçu-Pr tenho 26 anos e Tenho o mesmo nome do meu Pai Elmo Waltrick Porto Junior. Meu Pai atualmente mora em Bonito-MS onde também possui um restaurante, como sempre diferente dos demais....é uma cachaçaria cujo o nome é dos mais estranhos possiveis "Tá Ruim" mas foi assim que ele ficou conhecido pela forma diferente e inusitada de seus empreendimentos, e por onde ele passou sempre será lembrado como o Elmo o "Garçom Artista", Aqui em Foz do Iguaçu, Curitiba ou Bonito Elmo continua mais vivo do que nunca, e cada vez com uma idéia nova..Agradeço por todas as reportagens que publicou e por me fazer lembrar de tudo que meu pai ja fez em Curitiba e que tinha muito interesse em saber um pouco mais. obrigado. Abraço Elmo Waltrick Porto Junior
A triste história que ningúem conhece deste episódio é que meu pai - Giberli Pinto de Carvalho - era o sócio investidor deste empreendimento. Por vários desvios ocorridos, pagou a construção do Jatão e amargou por mais de 2 anos dívidas relacionadas a este, aproximadamente 2 apartamentos de 300m2 no Batel, na época. Recebeu em troca do "apresentador" um automóvel Maverick (velho) e 40 lotes em Guaratuba em baixo da água...

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