O choro, a peça & o filme
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de setembro de 1976
Enquanto que Londrina o Clube do Choro já foi fundado há 4 meses, graças ao idealismo do jornalista Edilson Lea, médico José Baldy e do artista plástico Cleto de Assis ( que pensa inclusive em criar um "regional" no setor de música da Universidade Estadual), em Curitiba, só agora começ haver estímulos nossos (poucos) músicos que se dedicam ao choro. Segunda-feira, no auditório Salvador de Ferrante, o grupo Samba & Seresta, fará uma "noite do choro", seguindo um didático roteiro apresentado pelo tv - man William Sade e que mostrara evolução desta música desde o pioneiro trabalho de Joaquim Antonio Callado (1838-1880), autor de "Flor Amorosa"' , até "Carinhoso" de Pixinguinha (Alfredo da Rocha Viana Filho, 1898-1973), passando pôr antológicas composições de Patapio Silva (1880 -1907), Anacleto de Medeiros (1867 -1807), Benedito Lacerda (1903 - 1958) , Fon - Fon (Octaviano Romeiro , 1908 - 1951), Jacob do Bandolin ( Pick Bittencourt 1918 - 1969), Waldir Azevedo e Severino Araujo, entre outros. Em participação especial, o cantor Mário Damasceno interpretará 3 belas valsas.
Aldair da Silveira Ayres, superintendente de assuntos culturais da Secretaria da Educação e Cultura de Goiás, passa este fim de semana em Curitiba: veio assistir a montagem de "Karla, Gigi e Margot", de Ronaldo Ciambroni ( auditório Salvador de Ferrante, 21 horas). Nesta produção do grupo Momento, o diretor Oracy Gemba aproveitou vários dos jovens goianos que estagiam junto a Fundação Teatro Guaíra. Assim, a bela e comunicativa Terezinha Fernandes é a "Gigi", a sua colega Marcia Ramos executou os cenários, João Paulo faz a iluminação e Wilson Araujo e Colemar Divino trabalham como maquinistas. Gemba, entusiasmado com a dedicação dos estagiários goianos, decide na segunda-feira pela montagem de um texto do autor goiano Hugo Zorzetti ("Ratos no Final do Corredor"ou "amarelo Vesgo"), com uma temporada possivelmente ou no Paiol ou no teatro da passagem.
Apesar das pornochanchadas tupiniquis terem em Curitiba um dos seus mais prósperos mercados, "O Casamento" fracassou e ontem foi retirado de cartaz. Por uma razão lógica: O filme de Arnaldo Jabor, baseado no romance de Nelson Rodrigues, não é uma pornochanchada, mas sim um dos mais adultos e vigorosos filmes contemporâneos amargo, violento, profundamente humano. Hoje, estréia "Paranóia", de Antônio Calmon, (São João) com roteiro de Carlos Heitor Cony declaradamente inspirado num dos melhores filmes de William Wyller ("Horas de Desespero/ The Desperates Hours, EUA, 56).
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