O buraco político
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de setembro de 1976
A imaginação dita criadora dos políticos esperançosos de conseguirem a simpatia do eleitorado dentro de 50 dias, faz com que os volantes publicitários mereçam ser colecionados, como mostra das diferentes argumentações. Por exemplo, o sr. José Almeida, 39 anos, oficial reformado atualmente atuando no mercado imobiliário, candidato a vereador pelo MDB (Curitiba), preferiu incluir em seu volante, uma série de citações moralistas: "A mentira tem perna curta, mas a verdade triunfa"; " O engano acalenta esperanças por algum tempo, mas a retidão permanece para sempre" (Hygino) e " A pega-te à correção, não largues/ Guarda-a, porque ele é a tua vida" (Salomão). Almeida é " bacharel em teologia", estuda direito e foi presidente do Diretório Acadêmico de Educação Física, além de orgulhar-se de ter integrado a diretoria da UPE num período de muita tensão: 1963/ 64.
A vox populi já deu uma designação ao chamado " Teatro de Passagem", cuja inauguração é prometida para a próxima quarta-feira, o que obrigou uma concentração de máquinas e obras para tentar concluir a obra: "teatro político" ou " buraco das eleições". É que a Prefeitura está procurando usar esta obra - planejada aliás na administração Jaime Lerner - para fortalecer alguns candidatos, inclusive irritando outros arenistas. Dentro das atividades inaugurais da entidade que administrará a nova casa de espetáculos, a Pró-Cena, está uma apresentação do compositor João Bosco, só que o mesmo cantará no auditório do Colégio Estadual (dia 1º, 21 horas). No teatro do buraco - ou da passagem - ainda não foi anunciado o programa inugural.
Enviar novo comentário