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Aramis

O Lobo e a ilha

Uma virtude ninguém pode negar ao advogado Antônio José Santana Lobo: a sinceridade. Que muitas vezes chega a chocar, tamanho é o impacto que causa. Há algum tempo, numa "roda viva" com um grupo de jornalistas, defendeu a exploração turística da Ilha do Mel, que, em sua opinião, nada oferece para ser preservada: "Em termos de fauna, apenas lagartos; em termos de flora, só macega. Preservar o que?". Agora, Lobo, 44 anos, presidente da Empresa Paranaense de Turismo, já por várias vezes cogitado para a Prefeitura de Paranaguá, vai mais além: em sua opinião, o governo não deve colocar nem um centavo em obras de infra-estrutura turística naquela ilha, enquanto não tiver plena posse da mesma. xxx Como homem do litoral, conhecedor de seus problemas, Lobo fala cobras e lagartos dos "investidores" da costa atlântica: "Todos só procuraram o filé mignon e deixaram os ossos com o governo". Ou seja, exploraram e especularam imobiliariamente e nada fizeram em favor do Litoral, deixando o saneamento, as vias de comunicação, a iluminação, enfim, todos os serviços por conta do governo. E tem mais, segundo Lobo: não há motivo de grita dos proprietários de terrenos do Litoral quando há aumento de impostos. "Duvido que algum proprietário declare como valor real sequer 20 por cento do que o imóvel realmente vale". O dia em que chegar a Prefeitura de Paranaguá - se chegar -, diz que vai atualizar realmente os impostos. Doa a quem doer, custe as criticas que custar... xxx Com relação à Ilha do Mel, sua idéia é simples: conseguir que o patrimônio, hoje da União, sob responsabilidade da Marinha, passe para a área do Estado, de uma forma que a Paranatur possa transferir os terrenos, em forma de lotes, a pessoas interessadas em ali construir. Reservando-se grandes áreas para praças, parques, ruas e zonas que devam ser preservadas, Lobo acredita que sobra espaço para 2 mil lotes, que seriam cedidos, mediante, evidentemente, condições especiais, a pessoas interessadas em construir casas de veraneio, num prazo máximo de cinco anos. "Nosso mercado para tanto é o interno, ilusão pensar em que grupos internacionais possam se interessar pela área: quem vai aproveitar a Ilha do Mel são os milionários da soja, do Sudoeste e Norte do Paraná", raciocina o presidente da Paranatur. xxx Co relação aos projetos que os arquitetos Rubens Meister e, mais recentemente, Ayrton Cornelsen, desenvolveram para a Ilha do Mel, incluindo Pontal do Sul, Lobo minimiza os trabalhos: "Projetos? Não. Idéias, isto sim!". Pessoalmente, Santana Lobo diz freqüentar a Ilha do Mel, na Baia de Paranaguá, desde sua infância e, por isso, conhece bem os seus problemas. Não alimenta ilusões a respeito e, mesmo que suas opiniões possam chocar, as defende com sinceridade da Paranatur fosse de seis anos, por certo faria algo de concreto a respeito. xxx Falando sobre a política em Paranaguá, Lobo descarta, de momento, maiores envolvimentos: - Não concorri nas últimas eleições porque eleição não é vestibular. Se fosse, eu seria aprovado. Sobre a vitória do advogado José Vicente Elias, ex-diretor do Porto de Paranaguá, prefeito eleito nas últimas eleições, Lobo faz uma analogia: - Foi natural a sua vitória. Se eu tivesse concorrido, teria um problema: sou bisneto do Visconde de Nacar. Elias é neto do faroleiro da Ilha do Mel...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
16/04/1978

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