Login do usuário

Aramis

O sopro renovador de amélia na Pró-Música

Maria Amélia faz juz ao seu nome: é uma mulher de verdade. Inquieta criativa e ativíssima, esta morena mingnon sempre gostou de inovar. Há mais de duas décadas, aluna do colégio Estadual do Paraná, foi quem armou com sua colega de bancos escolares, a hoje internacional Denise Stocklos, uma brincadeira que marcou época do Paz e amor e Maria Amélia, Denise e mais algumas amigas decidiram sair pela cidade, como hippies americanas, distribuindo beijos e flores. Fizeram sensação. Tanto é que o então foca Carlos Roberto Maranhão, iniciando-se como repórter d'O Estado do Paraná (hoje é editor do Placar), fez a cobertura e engoliu a história como real. Se não fosse uma amiga de Denise, à noite, na redação d'O Estado (que na época funcionava na Rua Barão do Rio Branco), a ter reconhecido nas fotos a barriga seria dada e a reportagem credenciaria as meninas como hippies americanas. O tempo passou, Denise seguiu caminhos artísticos e Maria Amélia, casando-se com um funcionário do Banco do Brasil, acabou morando por quase 10 anos na Alemanha. Ali fez cursos variando da política a música e assim, quando voltou para Curitiba, cuidar simplesmente de sua mansão no alto da Rua XV e dos filhos - agora crescidinhos, não a satisfazia. Portanto, aceitou o desafio: assumiu no ano passado a presidência da Pró-Música. xxx Se falta dinheiro, sobra entusiasmo. Assim, Maria Amélia e seus companheiros de diretoria, com apoio de quem a antecedeu no comando da Pró-Música, organizou uma programação intensa de atividades, que prevê muitos concertos e, numa inovação, associação a espetáculos que, no passado, assustariam aos mais conservadores membros da Pró-Música. Por exemplo, aceitar a proposta da empresária Gaby Leib, que em maio traz ao Brasil a montagem de um dos musicais de maior sucesso na Broadway - "Ain't Misbehavin", inspirado na vida do pianista, cantor e compositor Fats (Thomas) Waller (Nova Iorque, 21/5/1904 - Kansas City, 15/12/1943), que deverá ter sua apresentação no Guaíra bancada pela Pró-Música (custo: US$ 7 mil). Mas que os associados da PMC não se assustem, o básico da programação continuará sendo ainda de música erudita, incluindo-se no calendário concertos de solistas, duos, quartetos e mesmo orquestras, inclusive internacionais. E os recursos? Maria Amélia, otimista, diz: - Estamos buscando os mecenas. Se cada uma das empresas da Cidade Industrial colaborar com US$ 1 mil, teremos os US$ 150 mil que necessitamos para nossa programação neste ano. xxx Mas há promoções que não custam caro. Somente trabalho. Nesta semana, Maria Amélia pouco parou em casa, pois coordenou o encontro da Mulher com a Música, que teve sua abertura na terça-feira, com a estréia do Conjunto de Câmara Pró-Música. Nascido também do entusiasmo de uma nova geração preocupada com a revitalização da música no Paraná, este grupo é formado pela sempre bela Maria Leonor Mello de Macedo (piano); Maria Esther Watanabe (violino), Ulrik Graff (Viola), Cristina Richter (violoncelo) e Maria Helena Salomão (contrabaixo). Para a sua estréia, o quinteto aceitou um desafio: a difícil obra "A Truta", de Schubert. Na ocasião do concerto (no Solar do Barão), uma homenagem muito justa a pianista Henriqueta Garcez Duarte, professora de piano há mais de 30 anos, concertista e que por oito anos (1966/74) dirigiu a Pró-Música, da qual foi uma das fundadoras em abril de 1962. Maria Amélia teve uma boa idéia ao homenagear os que fundaram e dirigiram a Pró-Música. Começou já há algumas semanas, com uma lembrança ao advogado Aristides Severo Athayde - que sem ser músico, foi o grande condutor da instituição em seus primeiros anos, ao ser eleito para a presidência há 25 anos passados. E, no decorrer dos próximos concertos, os demais homens e mulheres que dirigiram a Pró-Música também serão lembrados. xxx O Encontro da Mulher com a Música trouxe também a Curitiba compositoras, pesquisadores e personalidades ligadas a música. Por exemplo, já na terça-feira aqui se encontravam a pianista Valéria Ribeiro Peixoto, coordenadora dos seminários da Funarte - e braço direito de Edino Krieger, no Instituto Nacional de Música; a musicóloga cantora e jornalista paulista Lea Freitag e a historiadora e professora Philomena Gebran, paranaense da Lapa, mas há 20 anos morando no Rio. Lea - durante anos escrevendo sobre música no "Estado de São Paulo" (reuniu há 2 anos, seus melhores textos num livro editado pela Nobel) e Philomena fizeram uma palestra na quinta-feira, numa abordagem com enfoques originais da criação musical e, naturalmente, a participação da mulher.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
17/04/1988

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br