Há três semanas, em Goiânia, Henrique Morozowicz, 53 anos, teve mais uma emoção em sua vida artística: a primeira audição mundial de sua última obra, "Variações Frére Jacques", na execução da pianista Glacy Antunes de Oliveira. Foi o ponto alto do Festival de Música de Câmara, promovido paralelamente ao II Encontro Nacional de Pequenos & Grandes Artistas (22 a 30 de outubro), que a Musika! Centro de Estudos, uma escola-modelo em termos nacionais, realizou na capital goiana. Com direção artística de Norton Morozowicz, esta promoção - basicamente custeada pela iniciativa privada - reuniu além de atividades didáticas, também concertos de peças de Weber, Brahms, Mendelsoohn, Villa-Lobos, Guerra Peixe, Radamés Gnatalli e de Henrique de Curitiba, raramente executadas. Norton reuniu solistas do valor do violoncelista Antônio Del Claro, fagotista Noel Devos, violistas Peres Dworeck, clarinetista José Botelho, entre outros. Depois de ter organizado os primeiros festivais de música erudita em Londrina - promoção que, infelizmente, seguiu outros caminhos após o seu afastamento - Norton animou-se pela seriedade com que Glacy Antunes de Oliveira conduz a promoção que sua Eskala - Centro de Estudos, realiza no Brasil Central. E apesar de ter um calendário dos mais ocupados, aceitou a incumbência de coordená-lo artisticamente. xxx Ao lado de seus compromissos com a Orquestra de Câmara de Blumenau, na qual, como regente titular, dedica-se prioritariamente, Norton continua a ser dos mais requisitados tanto como solista de flauta como maestro. Assim, neste último fim de semana (21, 6ª feira; 23 domingo), esteve regendo a Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo, em sua sede provisória (Bairro da Liberdade, SP), com um programa que incluiu peças de Mozart, à 5ª Sinfonia de Beethoven, e, em estréia na América do Sul, de um concerto para flauta de Romberg (contemporâneo de Beethoven), só agora sendo valorizado, com o paulista Edmundo Hass, como solista. xxx Norton Morozowicz já está pensando no repertório para os próximos discos da Orquestra de Câmara de Blumenau. Nesta semana, a Bosch começou a distribuir o álbum-brinde, no qual a OCB gravou a Suíte nº 1 em Dó Maior, de J. S. Bach; as Canções Populares Brasileiras - nº 1, que o grande Radamés Gnatalli desenvolveu a partir de temas do domínio público ("Prenda Minha", "Casinha Pequenina", "Guiaritá de Coqueiros"); a "Brasiliana para Viola e Cordas" de Edino Krieger e a "Serenata Noturno", em quatro movimentos (Cortejo, Serenata, Valsa, Final Jocoso), de Henrique de Curitiba. No primeiro semestre, outro álbum da orquestra de Câmara de Blumenau, já havia trazido peça de Waldemar Henrique e de Radamés Gnatalli (Porto Alegre, 1906). Anteriormente, outro álbum - também patrocinado pela Basf, resgatou algumas das mais belas (e inéditas) composições do cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920). Assim, há da parte do curitibano Norton Morozowicz [uma preocupação] em formar uma discografia com a OCB com os nossos melhores autores. "Infelizmente, devido ao seu grave estado de saúde, Radamés Gnatalli nem pode ainda ouvir a gravação de suas Canções Populares Brasileiras, que acaba de sair em disco", lamenta Norton, que recebeu do grande compositor, pianista e arranjador, várias peças inéditas que, pouco a pouco, farão parte do repertório da orquestra de Blumenau. xxx Gravado em digital, com alto nível técnico graças à competência do especialista Otto Dreshler (ex-deutsch Gramophon), o novo álbum da Orquestra de Câmara de Blumenau está com um nível internacional, tanto é que a Bosch o distribui a clientes, críticos e estudiosos de música de todo o mundo, levando a arte e o talento dos músicos brasileiros. Uma das peças, a "Brasiliana" de Edino Krieger, tem como solista o violoncelista húngaro George Kiszely, há muitos anos radicado no Brasil. LEGENDA FOTO - Henrique: estréia mundial.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 13

Data: 25/11/1986

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