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Aramis

Observatório

Ou o Oscar, realmente, está perdendo sua força promocional, ou a festa da 52ª premiação dos melhores do cinema, segundo os critérios (discutíveis, para muitos) da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, não está rendendo o Ibope necessário. Até agora, nenhuma das três cadeias nacionais de televisão confirmou a retransmissão da festa que se realizará na próxima segunda-feira, 14, no Pavilhão Dorothy Chandler, em Los Angeles, e que, desde 1968, vem sendo apresentado, via satélite, para as televisões de dezenas de países. Assistir a festa do Oscar, pela tv, já se transformou num ritual para milhares de entusiastas por cinema, que também lamentam o fato de nenhum órgão da imprensa brasileira ter publicado a relação completa dos 5 indicados em cada uma das categorias, limitando-se apenas as "nominations" principais. Até mesmo a UPI, normalmente criteriosa, deixou de enviar a relação completa dos candidatos nas premiações mais técnicas, embora, obviamente, os intérpretes, diretores e filmes candidatos tenham sido amplamente revelados. "Apocalypse Now", de Francis Ford Coppola, que espera repetir o sucesso d 6 anos passados (quando com a segunda parte de "O Poderoso Chefão" recebeu prêmios de melhor filme, direção ator/Roberto de Niro, trilha sonora, etc.) já foi exibido e "Kramer x Kramer", de Robert, Benton, com 9 indicações, estréia hoje (cine Astor), já que a Columbia decidiu antecipar a sua estréia, tão confiante está de que este filme já galardeado com 4 Globos de Ouro, seja um dos mais vitoriosos da festa de segunda-feira. Em termos de bilheteria, o lançamento de "Kramer x Kramer" não poderia ser melhor: a previsão é de 5 semanas no Astor. Falando em rendas, "Bye Bye, Brasil", de Cacá Diégues, entra em terceira semana no Rivoli, adiando o aguardado "Sonata de Outono", de Ingmar Bergman, já que fechou duas semanas com mais de Cr$ 300 mil. Ou seja, o bom filme nacional, de idéias, pode dar renda e com toda satisfação o exibidor o mantém em cartaz. Mas há diferença entre uma obra como a de Cacá Diégues, verdadeiro painel do Brasil-80, para filmes medíocres como "A Ovelha Negra, de Haroldo Marinho Barbosa, que por lei ficou sete dias no Cinema 1, com o recorde negativo de público da história do cinema brasileiro: 87 espectadores. Emoção, Vigor, Sentimento, Paz, Amor, Solidariedade, Consciência, Coragem, Otimismo. Pode-se escolher no dicionário as mais diversas palavras para descrever uma apresentação de Mercedes Sosa, que depois de cantar em Curitiba (terça-feira) e Londrina (ontem)9999, hoje apresenta-se em Maringá. Junto com seus três músicas - Domingos Cura (percussão), Oscar Alem (baixo e piano) e Nicolau Brizuela (violão). Mercedes, também se acompanhando ao bumbo, é uma figura mágica, uma imagem da "grande mãe latino-americana", como, em tão feliz momento, o jornalista Wilson Bueno, emocionado pelo espetáculo, exclamou. Não só a cantora de músicas políticas de Victor Jarra - assassinado no Estado Nacional do Chile, em 1973, da trágica Violeta Parra - que se suicidou alguns anos antes, por frustrações amorosas, mas deixou uma obra que hoje é cantada em todo o mundo como "Gracias a La Vida", ou "Los Hermanos" de Atahualpa Yupanqui, como Mercedes, argentino, filho de índios - hoje um nome internacional. A temporada de Mercedes no Brasil tem um significado muito especial: mostra ao vivo a grandiosidade da música continental e a nossa quase total ignorância a respeito. Infelizmente, o empresário Marcos Lázaro, o grande atravessador na contratação, onerou por demais a produção, impedindo que os espetáculos tivessem preços mais acessíveis. A opção colocada para Curitiba era a de que cobrar ingressos de Cr$ 800,00 a Cr$ 300,00, ou, simplesmente, cancelar a única apresentação. O ideal seria que ela cantasse em praça pública ou num estádio - mas as condições acústicas do ginásio do Tarumã não permitem tal espetáculo, a não ser com altíssimos investimentos. Muitos reclamaram por não poder ver/ouvir Mercedes! Realmente, todos os homens - no sentido humanitário - devem ouvir e compreender o seu canto. E esperamos que as suas canções de paz, fé e esperança não sejam apenas palavras ao vento, mas, sim, um pouco de razão para se acordar melhor a cada nova manhã.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
6
10/04/1980

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