Os Brzezinskis se entendem ...
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de julho de 1976
Se o democrata Jimmy Carter chegar à presidência dos Estados Unidos, neste ano do Bicentenário, e, como se fala o professor Zbigniew Brzezinski substituir a Henry Kissinger pode-se dizer que há ao menos um paranaense ligado ao novo Secretário de Estado americano: o desembargador Isidoro João Brzezinski.
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Apesar do sobrenome idêntico, com todas as consoantes, ele não são parentes. Mas, epistolamente já são bons amigos e o próprio Zbigniew Brzezinski, numa das cartas enviadas a Isidoro fala da satisfação que teria de conhecê-lo pessoalmente. A correspondência entre Izidoro e Zbigniew começou há mais de um ano, quando ainda não se falava no nome do professor americano para substituir Kissinger. Tudo começou quando o desembargador Brzezinski, que é o diretor do Instituto de Pesquisa sobre Problemas Comunistas da Universidade de Columbia, e escreveu agradecendo a remessa das publicações. a coincidência dos sobrenomes fez com que o próprio Zbigniew respondesse e, apesar de, a princípio, não ver identidade em termos genealógicos - Izidoro descende de poloneses e Zbigniew de russos - a correspondência só tem acrescido neste período.
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Apontado como o Kissinger dos democratas, Zbigniew Brzezinski, como a maioria dos scholars que, de uma forma ou outra, ajudam (ou atrapalham) a formulação da política externa dos Estados Unidos, está preocupado com o que poderia vir a ser uma nova ordem internacional. O jornalista Luís Orlando Carneiro, especialista em política internacional, analisando uma entrevista de Brzezinski ao "Lugano Review" (175/75), escreveu ("Jornal do Brasil", 11/4/76) que, segundo o pensamento de Zbigniew, a comunidade mundial é sinônimo de 150 Estados Independentes, com "um senso de consciência política" e de "despertar político" muitos diferentes de 30 anos atrás. Desses 150 Estados, segundo lembra o possível futuro Secretário de Estado dos EUA - apenas cinco, representantes de 6% da população mundial, tem uma renda percapita superior a 5 mil dólares por ano, 25 outros países - 8% da população mundial - chegam a 500 dólares por ano, enquanto 90 países, equivalentes a 60% da população mundial, tem uma renda per capita inferior a 500 dólares anuais.
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Os cientistas políticos buscam fórmulas para reagrupar todos esses países, a fim de que possam propor novas saídas e posições no xadrez internacional. E o professor Brzezinski está na linha dos que defendem a existência de quatro mundos, sugerindo a modificação da fórmula tradicional da divisão do universo político em três mundos. O chamado Terceiro Mundo seria hoje o dos noveaus riches da comunidade internacional: os membros da OPEP, o Brasil, a Coréia do Sul e Formosa. O Quarto Mundo englobaria países como a Índia, Bangladesh, Sri Lanka e as nações "marginais da América Latina"
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