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Os filmes de qualidade que a FFC não quis apresentar

Alfredo Prim, executivo local da Empresa Cinematográfica Sul - arrendatária do Cine Plaza - esclarece porque a Columbia Pictures foi obrigada a praticamente queimar três excelentes filmes num festival improvisado, realizado nesta semana em que as salas esvaziam ainda mais devido ao início da Copa do Mundo. Há mais de seis meses que o escritório local vem oferecendo ao programador dos cinemas do circuito da Fundação Cultural de Curitiba a possibilidade de "Complô contra a liberdade", "Irresistível paixão" e "Tap - A dança de duas vidas" - serem programadas nas salas Ritz, Luz ou Groff. Como a produção da Columbia passou a ter exibição em Curitiba apenas no Cine Plaza (antes os cinemas do circuito da Vitória/Fama Filmes os exibiam), Prim tem dado inclusive filmes de maior atração popular (kung-fu, eróticos, guerra, etc.) para o Cine Morgenau e poderia possibilitar que as salas oficiais, mantidas com dinheiro público e que prioritariamente têm a obrigação de abrigar obras de qualidade, apresentassem seus filmes que, bem promovidos, poderiam fazer sucesso. Infelizmente, mais uma vez, o despreparado elemento que cuida da programação das salas da FFC recusou os filmes, embora as salas oficiais estejam constantemente sendo ocupadas com discutíveis reprises. Assim, não restou à Columbia outra opção do que programá-los num festival, em prejuízo. Poucos espectadores assistiram na quinta e sexta-feira o excelente "Complô contra a liberdade" (Le complot) de Agnieszka Holland - sobre fato verídico ocorrido há seis anos na Polônia, em relação ao assassinato do padre Popieluszko, que apoiava o Sindicato Solidariedade. Neste fim-de-semana, está sendo exibido uma produção classe a, que representou a Inglaterra no IV FestRio - "Incontrolável Paixão", dirigido por Michael Redford (o mesmo realizador de "1984", que dois anos antes também representou a Inglaterra no I FestRio). Com um elenco marcante - Sarah Miles, Joss Ackland, John Hurt, Greta Scacchi, Charles Dance, Suan Fleetwood, Geraldine Chaplin - com uma belíssima fotografia de Roger Deakins e esmerada trilha sonora de George Fenton (um dos compositores revelações dos anos 80), "White Mischief" (originalmente, o filme conservaria no Brasil a tradução do título, "Veneno Branco") teve o roteiro (do próprio Redford) baseado em fatos reais ocorridos em 1940 no Quênia, então uma colônia inglesa que se mantinha distante da II Guerra Mundial. Ali, no Happy Valley, próximo a Nairobi, os fazendeiros britânicos levam sua vida hedonista e decadente - entre festas, jogos e aventuras sexuais - sem se preocuparem com a guerra que acontece em várias partes do mundo. Um aristocrata decadente e despreocupado, Conde de Errol (Charles Dance), envolvido em aventuras sexuais, é assassinado, após se tornar amante da bela Diana (Greta Scacchi, a italiana revelada em "Good Morning, Babilônia), esposa do velho sir "Jack" Delves Broughyon (Joss Ackland), 57 anos, à beira da falência. O principal suspeito é o marido traído, "Jack" Broughton. A partir deste plot, Redford desenvolveu um filme visceralmente crítico (e cínico) em relação aos colonizadores ingleses, mostrando-os como egoístas e arrogantes - e fazendo uma análise sem piedade. Valores que a crítica internacional reconheceu neste filme que mereceria um lançamento normal - podendo mesmo atrair grande público. xxx "Incontrolável paixão" será exibido hoje e amanhã. Na terça-feira, "Tap - A dança de duas vidas" (Tap), 1989, de Nick Castle, um filme sobre sapateado, com Gregory Hines, Suzanne Douglas e, em atuação especial, Sammy Davis Júnior, falecido há poucas semanas. Sucesso nos EUA, com uma incrementada trilha sonora lançada há 90 dias pela CBS, "Tap" poderia, tranqüilamente, ter uma promoção dirigida junto às academias de dança da cidade e repetir o mesmo sucesso que "Momento de Decisão" (The turning point, 73, de Hebert Ross), aqui fez.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/06/1990

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