Os suspensórios de Hosken
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de agosto de 1989
Freguês de boutiques masculinas elegantes em várias partes do mundo, o senador Francisco Leite Chaves é dono de um invejável guarda-roupa que o torna um dos mais elegantes membros do parlamento. No dia seguinte após a eleição de seu amigo Nelson Carneiro para a presidência do Senado foi ao seu gabinete, abraçá-lo. Ostentava um terno novo, de colete, com uma flamejante gravata vermelha, adquirida em sua última viagem que o levou até a China - mas que no retorno incluiu uma passagem por Nova Iorque. Nelson Carneiro elogiou a gravata, combinando com o traje, e Leite Chaves foi modesto.
- "O santo dos pobres é sempre o mais enfeitado".
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Embora nunca fosse companheiro partidário do ex-governador Hosken de Novaes, em sua liderança política em Londrina, Leite Chaves sempre teve uma grande admiração pela retidão e dignidade daquele mineiro que se "londrinizou" como um dos pioneiros da cidade da qual foi prefeito. Um dia, no Sack's, em Nova Iorque, Leite Chaves viu um belíssimo par de suspensórios, modelo caríssimo (na época custava US$ 300) e começou a imaginar para quem poderia levar um presente de tamanho valor. Pensou e decidiu:
- "Ah! Vou comprar para o Hosken".
Comprou e trouxe o suspensório. Marcou uma visita com o então prefeito de Londrina que se surpreendeu com o presente. Agradeceu. Conversaram bastante.
Semanas depois, através de um amigo comum, Leite Chaves soube do comentário de Hosken:
- "O Chaves é uma pessoa amável e simpática, mas até agora não entendi porque me trouxe de Nova Iorque um presente como este. Em toda a minha vida nunca usei suspensório..."
LEGENDA FOTO - Hosken: mas eu não uso suspensórios!
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