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Aramis

Sambistas

com << Sonho Meu >>, a magnífica Dona Yvone Lara transformou-se em nome conhecido nacionalmente, merecendo hoje uma posição de destaque entre as grandes compositores-intérpretes, com a garra, talento e brasilidade de uma admirável Clementina de Jesus. Mas é importante lembrar que dona Yvone Lara tem um parceiro magnífico, não apenas na sua música mais conhecida (especialmente depois que Maria Bethania a gravou), mas em muitas outras Delcio Carvalho, fluminense de Campos e que teve em seu pai o primeiro mestre musical. << Canto de um Povo >> (polydor/polygram), oferece a possibilidade de se conhecer Delcio Também como intérprete de suas músicas - parcerias não só com Dona Yvone (<< - Vai na Paz >>, << Alvorecer >>, << Acreditar >> e, é claro, << Sonho Meu >>), mas também com outros companheiros- Naco/-Barbosa da Silva (<< Ausência >>), Dida (<< Hora de Ser Criança >>), Zé do Maranhão (<< Farinha Pouca >>, com a participação vocal de Noca da Portela), Everaldo da Viola << Dei Meu Bravo >>), Flavio Moreira (<< Rei por um Dia >>), Ari Araújo (<< Perna de Cera >>), além do já conhecido << esperanças Perdidas >>, gravado há alguns anos por Adeilton Alves. Generosamente, Delcio também reservou faixas para outros autores, em quem acredita na necessidade de se abrir um espaço: Nilton Barros (<< Testemunha de Um Povo >>) e o já consagrado Ivor Lancelotti (<< Chuva, Gente e Carnaval >>). Delcio tem uma vivência de escolas de samba (começou no Rancho Recreio das Flores, ainda em campos) e uma relação com pessoas simples, do morro do Que Rosene, no Catumbi, e uma luta de muitos anos para chegar a ser conhecido. O produtor deste seu primeiro Lp como intérprete é um veterano batalhador pelos autênticos sambistas, Rubem Confete, que realizou um trabalho honesto e bonito. Martinho da Vila (Martinho José Ferreira, 42 anos) é hoje não só um dos cantores- compositores de maior prestígio no Brasil, vendendo milhares de cópias de cada um de seus discos, como seu prestígio já ultrapassou fronteiras: esteve algumas vezes em países africanos, na Europa tem feito shows de grande embalo e no continente latino-americano seus discos vendem cada vez mais. Por isso é compreensível que a RCA tenha lançado agora este << portunhol Latino-americano >>. a gravadora informa que a idéia do disco foi de Helcio do Carmo, atual gerente geral internacional da gravadora. Analisando o gosto musical de nossos vizinhos, observou que o samba, embora obtendo excelente aceitação, era considerado um gênero de música adequado apenas para o período de carnaval. Assim, para conquistar uma faixa maior deste imenso mercado, nada melhor do que fazer o popular Martinho misturar português e espanhol, dar uma graribada de latinidade no disco - gravando por exemplo << Gracias a la vida >> (Violeta Parra), << Pedro Nadie >> (Pierro/Jose) ou << La Mujer que yo quiero >> (Juan Manuel Serrat), ao lado de seus sambas mais conhecidos - << Disritmia >>, << Vai ou Não Vai >>, << Renascer das Cinzas >>, << Para que Dinheiro >> e << Canta, Canta Minha Gente >>. O disco era para ficar só no Exterior, mas como os fãs de Martinho no Brasil são muitos, a RCA lançou o disco aqui também. Pode ser que os puristas protestem, mais o bom criolo tem balanço e não compromete. Com uma voz tão alta quanto o seu físico, boa pinta, espécie de << Issac Hayes >> do samba, Tobias venceu um concurso de calouros que Flávio Cavalcanti promoveu há quase 10 anos em seu programa, mas nem por isto conseguiu o lugar que se esperava. Tanto é que após algumas tentativas menores, surge agora com um compacto simples, interpretando dois sambas divididos com outros parceiros: << Bamba Kerê >> e << Mulata >> (esta com uma letra bem insinuante). A Odeon deve estar testando suas possibilidades, para um possível elepê. Vamos torcer para que Tobias consiga vencer a barreira comercial e faça seu elepê. Afinal, vontade parece não lhe faltar. *** Dicró (Carlos Roberto de Oliveira, fluminense de Tomás Coelho, 32 anos) lembra-me um compositor e músico muito conhecido e estimado de nossa (vazia) noite: Fernando do Bumbo, que os mais íntimos chamam de << Fernando Louco >>. Bom Percussionista, excelente amigo, Fernandinho tem uma facilidade enorme de improvisar sobre qualquer tema e fazer sátiras e sambas bem humorados. Pena que se não gravar na hora, se perde o que improvisa: é incapaz de lembrar-se mais do que 30% do muito que compõe. E se há um artista de nossa terra que merece ter um disco é o bom Fernando. Dicró tem em comum com Fernando a felicidade de unir o humor ai ritmo. Isto fe com que seu primeiro Lp vendesse o suficiente para lhe valer um disco de Ouro, dando-lhe ainda o título de sambista-revelação em 1978. Depois de << Barra Pesada >>., veio o segundo disco, que vendeu mais de 300 mil cópias - alcançando uma faixa muito ampla de consumidores, especialmente na baixada fluminense,, região identificada com Dicró. a irreverência, o humor - e mesmo a sugestão de dupla sentido, estão presentes no terceiro Lp de Dicró (continental, maio/80), que deverá vender muito. Afinal, são 13 músicas inéditas, oito das quais de sua autoria (com parceiros, é claro), onde usa metáforas, muito humor, alegria e, principalmente a irreverência no tratamento de acontecimentos atuais, como o << topless >>, ecologia, casamento, fidelidade, custo de vida e inflação. A MPB sempre teve nos sambas-caricaturas uma de suas marcas e, neste aspecto, o trabalho de Dicró nos parece bastante válido. Como disse Sérgio Cabral, quase todos os que tentaram o humor fracassaram: Dicró integrante da ala dos compositores da Beija Flor, acertou em cheio. e o bom humor do sambista compensa o comercialismo. Ao menos é uma linguagem popular e bem intencionada, inclusive em seu sentido crítico. Ouçam Dicró, antes de renegá-lo! Como Jorginho do Império, Chico da Silva e alguns outros, Joel Teixeira continua, em seu terceiro Lp (<< Quando o Sol ,Brilhar >>, Odeon/MI, junho/80) a insistir na mesma linha de Martinho da Vila. O que é desnecessário em termos artísticos, pois o moço deve ter talento para tentar seu próprio caminho, mas deve ser motivado por razões comerciais: afinal, não custa dividir o público que o bom Martinho tem seguro. Seis das 12 faixas trazem Joel como co-autor, enquanto as outras são dedicadas a compositores de várias origens, identificados, entretanto, pela linha simplista do sambão: << Mapa da mina >> (Zé do Maranhão/Raphael Treiger), << mangueira do meu coração >> (Adilson Silva) e << Perdoa >> (Noca da Portela/-Daniel Santos), mostram bem este posicionamento. FOTO LEGENDA 1- Joel Teixeira Quando o Sol Brilhar FOTO LEGENDA 2- Delcio Carvalho canto de um povo FOTO LEGENDA 3-Martinho da Vila Portunol Latino Americano FOTO LEGENDA 4- Dicró
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
29/06/1980
GOSTARIA MT DE SABER ONDE ANDA, E O QUE ESTA FAZENDO O SAMBISTA CHICO DA SILVA. AGUARDO CONTATO DESDE JA MEUS AGRADECIMENTOS.
Nesse site tem iformações do Chico da Silva, inclusive uma entrevista de 2010: http://www.gentedeopiniao.com.br/lerConteudo.php?news=68695 Lembro quando meu pai se reunia com os irmãos pra beber cuba libre e ouvir Chico e outros grandes

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