Saudade não tem idade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de maio de 1981
Dois preciosos lançamentos para quem aprecia a seresta, ambos com bom marketing para impulsionar suas vendas à uma faixa bem ampla de consumidores. Afinal, a promoção que a Sigla/ Som Livre garante via Rede Globo de televisão de seus lançamentos, fará com que não só os consumidores tradicionais da música do passado venham a se interessar por "Serestas com Amor", mas também uma faixa mais jovem possa, através desta cuidadosa produção de Sidney Santos (ex-Os Três Moraes, agora artisticamente Santos Morales). Em seis grandes blocos, foram reunidos 40 clássicos da seresta - de "Chão de Estrêlas" (Orestes Barbosa/ Silvio Caldas) a "Serenata do Adeus" (Vinícius de Moraes). Para interpretar um punhado de músicas que ao longo de mais de 50 anos são cantadas Brasil afora, foi convocado Roberto Morais e "Os Seresteiros da Ilha do sonho", pseudônimo de um grupo vocal que inclui Cibele (do Quarteto en Cy), Luna e o próprio Sidney Moraes (Santos Morales). Os arranjos vocais de Sidney e a regência dividida entre Edson José Alves e daniel Salinas procurou dar um toque novo - embora respeitoso - ao repertório selecionado, tornando-o facilmente assimilável. Igualmente o encontro do afinado Wilson Miranda com o violonista Messias Saint Jr em "Um violão e uma voz em seresta (K-Tel, 31002) resulta num disco dos mais agradáveis. Aqui são 12 serestas, também clássicos do gênero ("Rosa", "Abismo de Rosas", "Arranha Céu", "A Voz do Violão" etc), num tratamento harmonioso, suave, emocionante. Não é preciso ter 50 anos para entender e gostar destes dois álbuns. Basta ser brasileiro, ter um coração aberto e imaginar uma noite de luar, uma praia, uma mulher amada. Mesmo que V. estaja numa kitinete, com a janela bloqueada pela selva de concreto armado. Feche os olhos e sonhe. A música ajudará ao seu pequeno mundo se tornar mais belo.
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