Sessões imortais da Duke
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de novembro de 1989
Ao lado dos lançamentos mais comerciais - e que garantem o excelente faturamento que obtém - a WEA também sabe editar discos de prestígio e uma prova é a coleção Private Collection, comemorativa aos 90 anos de nascimento de Duke Ellington (1899-1974), com mais dois dos cinco volumes prometidos: os "Studios Sessions", gravados em Nova York, em 1962/63 (os dois primeiros saíram há 60 dias e o quinto deve chegar nas lojas na próxima semana).
"Studio Sessions: New York 1962" registra cerca de 16 faixas gravadas entre os meses de julho/setembro de 1962, quando a banda da Ellington estava em plena forma, com o virtuosismo de Billy Strayhorn (que aqui divide o piano de Duke), o trombonista Lawrence Brown, os saxofonistas Johnny Hodges e Paul Gonzales, o baterista Sam Woodyard e a voz de Milt Grayson, entre outros, desfilam neste álbum clássicos como "Tune Up", "To Know You Is To Love You", "take It Slow" (uma das mais sensíveis composições de Strayhorn), "Telstar", "Cordon Bleau" e a belíssima "The Lonely Ones", com a letra de Don George na voz emocionante de Milt Grayson. Duas homenagens a Thelonious Monk: "Blue Monk" e "Free Monk", em arranjos especial de Strayhorn para o Festival de Newport, onde a banda apresentou-se.
Gravado um ano depois (abril/julho 1963), o volume "Studio Sessions: New York 1963" também impressiona pelo refinamento e os arranjos perfeitos com a participação de Ray Nance (Willis Nance, Chicago, 10/12/1913 - Nova Iorque, 29/12/1975, pistonista, violinista e cantor, que por muito tempo participou da orquestra de Duke. Nas sessões de 1963, quando Gonçalves, Lawrence Brown, Johnny Hodges, Cat Anderson e Jimmy Hamilton - entre outros, davam o brilho especial ao "Duke Touch", Nance teve performances admiráveis em momentos como "Bad Woman", "Jeeps Blues", "Harmony Ind Harlen", "Got Nobody Now", "Blues Rose" e "Lillian's Lick" - este, na época já dedicado ao falecido trumpetista Al Killian (1916-1950).
Considerado por muitos - e com razão - como a maior figura do jazz, Edward Kennedy Ellington - nascido em 29/7/1889, em Washington D. C., começou sua carreira em 1927 e pouco depois já trabalhava no histórico Cotton Club. Sua discografia é das maiores, pois até poucos dias antes de sua morte ainda estava gravando. Assim, alguns de seus biógrafos costuma dividir sua carreira em quatro períodos. O primeiro (1927-29) é uma visão impressionista das raízes africana do jazz - o chamado jungle style - marcado por gravações como "Black and Tan Fantasy", "Creole Love Call", "Mood Indigo", "Echoes of Harlen" e "Caravan" (1937, um de seus temas mais conhecidos). O segundo período (1940-44) é caracterizado por uma adaptação do jungle style aos arranjos mais dançantes do swing - período em que se destacam "In a Mellotone" (40), "Thing Ain't What They Used to be", 1941) e, especialmente, "Take The a Train" (1941, seu prefixo, mas de autoria de Billy Strayhorn). No período de 1944/54, Duke se dedicou a composição de suítes, peças mais longas e elaboradas, como "Black, Brown and Beige" (1944), "Liberian Suite" (1947) e "A Tone Parallel to Harlem" (1951). A última fase mesclou vários estilos e deles ficaram como momentos maiores "A Dream of Woman" 91957) e "Such Sweet Thunder" (1957), esta inspirada em Shakespeare.
A CBS, que também vem editando inúmeras gravações históricas de Duke, lançou em sua nova coleção Portrait of Masters, o álbum "The Duke Ellington Small Bands" ("Back Room Romp"), no qual quatro small bands comparecem o repertório de standards de Duke: Rex Stewart & His 52nd ST. Stompers com "Relatious", "Lazy Man's Shuffle", "Back Room Romp" e "Love's in My Heart"; Barney Bigar & His Jazzpators com "Cluds in My Heart", "Frelic Sam", Caravan", "Stompy Jones"; Johnny Hodges e Orquestra com "Pyramid", "Swinging in the dell"; "The Rabit Jump" e "Jitteburg's Lullaby" e, por último, Cootie williams & His Rug Cutters com "I Can't Believe That You 43 in Love With Me", "Blue Reverie", "Echoes of Harlen" e "Swing Pan Alley".
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