Teatro
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1974
Deve-se insistir nas coisas importantes e por isto aqui repetimos: "Sarau", que hoje é domingo ainda será apresentado no Paiol é um dos momentos mais importantes da boa música brasileira. Basta ter o mínimo de sensibilidade para se reconhecer em Paulinho da Viola (Paulo César Batista Faria, 31 anos), um dos melhores - senão o melhor - compositor da atual fase de nossa MPB, com 7 lps que estão já na história da fonografia verde-amarela e no mínimo 20 clássicos - do carnavalesco "Foi um rio que passou em minha vida", ao moderníssimo "Sinal Fechado". E some-se a Paulinho da Viola, com sua voz perfeita a que torna até difícil saber qual é a melhor - se o autor ou o intéprete - um músico e compositor como Elton Medeiros - que fez há pouco tempo um maravilhoso lp na Odeon para nós um dos 10 melhores discos do ano - mais o flautista Copinha, pianista Cristóvão e o grupo Época de Ouro, que durante tantos anos acompanhou o inesquecível Jacob do Bandolim - para se ter duas horas em que até as lágrimas de emoção podem se diluir no calor dos aplausos. Pois se já no ano passado, sem o grupo Época de Ouro e com um espetáculo de certa forma improvisada, Paulinho da Viola fez no Paiol o melhor dos muitos shows de MPB que ali tiveram lugar, imagine-se agora, com este espetáculo cuidadosamente produzido por Benil Santos, com um repertório selecionado com o maior critério e que é ainda enriquecido com a apresentação de Sérgio Cabral, jornalista, homem que sabe das coisas de nossa MPB e que se revela também um show-man. Não há nada mais a dizer, a não ser repetir Os Novos Baianos: só quem não for brasileiro não irá aplaudir Paulinho da Viola e seu "Sarau", hoje à noite.
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