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Aramis

A temporada do livro de arte está aberta

Uma nova atividade vem crescendo nos últimos anos: a de produtor de brindes culturais. Exige talento, dedicação, competência e, naturalmente, bons contatos. O trabalho geralmente aparece ao final de cada ano e nem sempre o nome do produtor é revelado - aparecendo, naturalmente, o mecenas que possibilita que um belo livro ou disco seja alvo das atenções. Assim, só aos que estão ligados na área é que sabem, de fato, que um projeto magnífico como o pacote "Tom Jobim" - dois discos e o livro (texto de Sérgio Cabral) deve-se a competência de Jairo Severiano, 56 anos, um pernambucano que há 31 anos mora no Rio de Janeiro e já realizou 17 projetos de cultura musical - inclusive o "Caymmi" - que, no ano passado, foi lançado com apoio do mesmo grupo, através da Fundação Emílio Odbrechet. Ricardo Cravo Albim, 50 anos, incansável agitador cultural, ex-diretor do Museu da Imagem e do Som - Rio de Janeiro, foi quem coordenou o belo álbum duplo "Há Sempre Um Nome de Mulher", editado pelo Banco do Brasil, com nobres finalidades - arrecadar recursos para a campanha nacional para um banco de leite materno da LBA e que por sua importância merecerá um registro detalhado em nossa edição de terça-feira. Já Pelão (João Carlos Botezelli), pela quarta vez resgata mais um pouco da "Memória" musical brasileira, com apoio da Elebra, montando um elepê-temático. No ano passado, foi um álbum com os sucessos dos Carnavais dos anos 30 - e agora uma coletânea de músicas que falam do telefone. Já para o grupo Makro, o bom Pelão realizou um álbum que homenageia Carlos Drummond de Andrade, enquanto que outro animador cultural, Aluízio Falcão, ex-diretor do Estúdio Eldorado, traz temas inéditos do grande compositor paulista Paulo Vanzolini num álbum patrocinado pela Comgaz (Companhia de Gás de São Paulo). xxx Eloy Zanetti, ex-diretor da Umuarama, ao deixar a agência do grupo Bamerindus, se dispôs a criar uma assessoria para projetos culturais, especialmente brindes de fim-de-ano, não tendo ainda podido viabilizar grande projetos - embora tenha ótimas idéias. Já uma mulher competente e com bom know, ex-diretora da divisão de fascículos e que constantemente vem a Curitiba, a sra. Elizabeth Del Fiore, foi quem articulou um dos mais belos lançamentos editoriais, - "A Presença Britânica no Brasil", lançado na terça-feira, no Mofarrej Sheraton Hotel, em São Paulo. O livro foi editado pelo Lloyds Bank (que comemora 125 anos de atividades no Brasil), associado à Fundação Roberto Marinho. Quem já folheou o belo volume - de circulação reduzida, como todos os projetos especiais - ficou impressionado com o trabalho de produção a cargo da editora Pau-Brasil, dirigido por Elizabeth Del Fiore, que fez extensa pesquisa sobre a influência dos ingleses no Brasil. Elizabeth pensava inicialmente, num projeto sobre a presença alemã no Brasil - motivo de pesquisas aqui desenvolvidas, inclusive com auxílio de Valêncio Xavier (que, anteriormente, já havia sido consultor da série "Nosso Século"). Surgiu entretanto, o patrocínio do Lloyds Bank e a idéia da presença alemã ficou congelada, aguardando patrocínio, possivelmente para 1988/89. A partir deste ano, alguns dos produtos-brindes começam a ser democratizados, com vendas aos leitores. O álbum "Há Sempre um Nome de Lugar", que saiu com tiragem de 300 mil exemplares, aliás, nem foi distribuído gratuitamente: está à venda em todo o país, nas agências do Banco do Brasil a Cz$ 600,00 o exemplar, já que tem fins beneficente. "A Presença Britânica no Brasil", após a distribuição pelo Lloyds Bank, será colocado nas livrarias, em janeiro, ao redor de Cz$ 3.000,00. A Montreal Engenharia patrocinou o belíssimo "Arquipélago de Fernando de Noronha", com fotografias de Carlos Secchin, numa produção da Cor/Ação, 155 páginas, que está à venda por Cz$ 8 mil. Já o Banco Chase Manhattan, que há anos vem sendo mecenas em obras de arte, afora a sua quota de "Natura" (Index, 142 páginas), reunindo fotos do artista plástico Franz Krajcberg, permitiu sua comercialização por Cz$ 5.800,00. São livros caros, sem dúvida, mas os dois que bateram recordes nem saíram como brindes: foram feitos somente mesmo para quem se dispõe a investir. "Entre Dois Séculos", editado pelo "Jornal do Brasil", 585 páginas, está sendo vendido a Cz$ 15 mil (em Curitiba, ao Livro Técnico, já colocou quatro exemplares). A organização e texto é de Roberto Pontual e o livro reúne reproduções coloridas da coleção de Gilberto Chateaubriand, dono da maior coleção de arte brasileira deste século. O único paranaense incluído é Carlos Eduardo Zimmermann, que, até a semana passada, ainda não havia se animado a adquiri-lo. Mas, agora, vai ganhar um exemplar de seu amigo Julio Pechmann, próspero arquiteto, como presente de Natal. O segundo livro mais caro é "O Cavalo no Brasil (Nova Fronteira, 194 páginas, Cz$ 13 mil), que se destina a um público riquíssimo: os criadores e apaixonados por cavalos. Outros livros de arte, com preços altos, que saíram como opções de presentes: "Pinturas e Platibandas" (Mundo Cultural, 240 páginas, Cz$ 2.380,00); "Van Gogh", de Meyer Schapiro (Record, 128 páginas, Cz$ 2.700,00); "Paris 360º" (Siciliano, 119 páginas, Cz$ 2.890,00), fotografias de Atílio Bocazzini com imagens em 360 graus da Cidade Luz. Já "História dos Bairros" (Index, 159 páginas, Cz$ 3.100,00) tem patrocínio da João Fortes Engenharia. Neste quarto volume da série sobre bairros do Rio de Janeiro é focalizada a zona portuária do Rio de Janeiro. LEGENDA GRAVURA: Drumond: homenagem em disco
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
19/12/1987

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