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Banco do Brasil vai financiar uma segunda sinfônica da cidade

O que aconteceu com os músicos que, por anos, integraram a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal do Paraná? É uma boa pergunta, pois muitos talentos passaram durante mais de 20 anos pela única Sinfônica do Paraná, que teve por todo este período a direção do maestro (e ex-violinista) Gedeão Martins. Com o esvaziamento da Sinfônica da Universidade Federal do Paraná - ao longo de sucessivas crises econômicas e de diferentes visões dos reitores que sucederam a Flávio Suplicy de Lacerda - poucos foram os músicos que mantiveram vínculos com a universidade. A orquestra - assim como o também extinto coral - tiveram momentos de glória - temporadas de sucesso, muitas viagens e até discos gravados. Quando o professor Algacyr Munhoz Maeder (1903-1975) foi reitor, seu diretor do Departamento de Cultura, professor Alceu Schwab, promoveu a gravação de um esplêndido elepê que teve, entre outros, o mérito de incluir o primeiro registro, no arranjo original, de "Carinhoso", de Pixinguinha - com mais de oito minutos de duração. Hoje, os tempos da Sinfônica da UFPR são apenas memórias dos curitibanos mais antigos. xxx Mas se muitos dos músicos que passaram por aquela orquestra já faleceram e outros aposentaram-se, há alguns que ainda estão em forma - só não atuando profissionalmente por falta de espaço. A Sinfônica do Paraná, da Fundação Teatro Guaíra, quando foi criada, há 7 anos, praticamente privilegiou uma nova geração de instrumentistas - a maioria, aliás, vinda de outros estados - e poucos foram os veteranos da OSUFPR que tiveram disposição de tentar os testes - cuja reprovação representaria um melancólico fim de carreira. Agora, entretanto, começa a surgir oportunidade para reaglutinar os músicos da sinfônica universitária que ainda se dispõem a enfrentar um trabalho regular. É que com a posse na presidência da Associação Atlética do Banco do Brasil (uma das mais bem estruturadas associações funcionais do Paraná, com excelente patrimônio e amplos recursos), de um apaixonado por música, está nascendo a idéia de Curitiba ganhar a sua segunda sinfônica. O engenheiro Reinaldo Rosa, 40 anos, 20 de Banco do Brasil, desde seus tempos de infância, em Paranaguá, sempre foi entusiasta por música, tendo criado, inclusive, grupos instrumentais. Eleito em setembro último para a presidência da AABB, está privilegiando o setor cultural - área na qual já vinha atuando em várias administrações. Assim, considerando que fisicamente a associação está bem instalada numa excelente área nas margens da Avenida Victor do Amaral, dispondo inclusive de um teatro de 230 lugares (que pretende abrir para espetáculos a serem aplaudidos por moradores do bairro do Tarumã), Reinaldo pensa em investir na cultura. Um projeto modesto, inicial, é o de patrocinar uma gravação de um associado aposentado, o pernambucano Vital Joffily, recitalista de violão com belo curriculum. O projeto maior, entretanto, está sendo elaborado para ser encaminhado à direção da Fundação Banco do Brasil: criar a Sinfônica da AABB, "valorizando músicos do Paraná, especialmente os que tiveram boa experiência nos tempos da Sinfônica da Universidade do Paraná", diz, lembrando que sempre esteve entre os mais fiéis freqüentadores dos concertos da hoje extinta orquestra. O maestro Antônio Kruger já trabalha na estruturação da orquestra e o projeto deve merecer acolhida por parte da Fundação Banco do Brasil, uma instituição que, com amplos recursos, vem ajudando boas iniciativas culturais. Aliás, tradição musical existe, tanto é que a Fundação das Associações Atléticas do Banco do Brasil desde 1979 produz fundamentais álbuns documentais de nossa música. A competência do pesquisador e produtor Silas José Xavier, de Brasília, possibilitou que ganhassem uma importância cada vez maior e há 4 semanas começou a ser distribuído o 11º álbum da série - "Banda de Música - de Ontem e de Sempre", com três elepês, excelentes textos didáticos e trazendo entre suas 35 músicas de 24 autores, a "Bela Morena", primeira valsa composta (em 1904) por Bento Mossurunga. O que justificará, nos próximos dias, um registro mais detalhado. Quem se interessar em possuir este fundamental álbum de música de banda, corra à AABB (Avenida Victor do Amaral, 771) pois os poucos exemplares recebidos estão a venda por apenas Cr$ 3 mil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/02/1991

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