Um pacote com o som melhor dos clássicos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de maio de 1990
No pacote de dez fitas-CDs, o lançamento mais interessante é a primeira gravação mundial do musical "Magdalena", que Heitor Villa-Lobos (1887-1959) compôs em Nova Iorque, entre janeiro a março de 1947, durante a segunda viagem do compositor aos EUA. Numa época em que o musical atingia os pináculos na Broadway - especialmente com os trabalhos da dupla Rodgers & Hammerstein ("Carmen Jones", "Carcussel", "Oklahoma"), Villa-Lobos aceitou o convite da Los Angeles Civic Light Opera Association, para produzir aquilo que denominou de uma "aventura musical". Sobre o libreto de H. Brenan e H. Curran, com letras de Forrest e Wright, "Magdalena" é o nome de um rio na Colômbia, em cujas margens, em 1912, se desenvolve uma história movimentada - com romance, roubo de uma santa, conversão de índios, etc. Um clima de floresta tropical, que faria, indiretamente, que 12 anos depois, o ator-diretor Mel Ferrer, o convidasse para criar a música de "A Flor que não Morreu" (Green Mansions, 1959). Infelizmente, tanto o musical "Magdalena" - cuja estréia ocorreu em 26 de julho de 1948, em Los Angeles - como o filme de Ferrer, fracassaram - o que, entretanto, não diminuiu o prestígio internacional de Villa-Lobos (só que, com isto, não se tornou um homem rico, o que teria acontecido se tivesse feito sucesso como compositor de musicais da Broadway e de Hollywood).
A montagem de "Magdalena", há 48 anos, pelo elenco do Metropolitan Opera House de Nova Iorque, com os cantores Irra Pettina e Gerhard Pechner, teve direção de Jules Dassin, na ópera com 37 anos e ainda sem fama de diretor bem sucedido no cinema por temas corajosos que abordaria em "Cidade Nua", "Mercado de Ladrões" e "Sombras do Mal", mas que o levariam a ser perseguido pelo Maccarthismo e a se auto-exilar na França (só retornando a direção em 1954, com "Rififi").
A gravação que a CBS traz, pela primeira vez, desta obra até então inédita de Villa-Lobos, foi produzida e regida por Evan Hallen com supervisão musical de Larry Blanck e tendo como intérpretes Judy Kaye, George Rose, Faith Esham, Kevin Gray, Jerry Hadley, Keith Curram, Charles Damsel, o Connecticut Choral Artists e a Orchestra New England.
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