Frances Farmer (Seattle, 19/9/1910 - Indianápolis, 1/8/1970) não chegou a ser uma superstar, apesar de entre 1943 e 1968 ter feito mais de vinte filmes. Em compensação, teve uma vida vibrante e sofrida: aos 16 anos já escandalizava a pacata Seattle, vencendo um concurso nacional de redação como o ensaio "Deus Morte" e, politicamente, assumiu a esquerda, visitando inclusive a Rússia - numa época em que isto era pecado mortal. Boa atriz, sofreu amores e desamores e, especialmente com a pressão de sua mãe, que a obrigou a ser internada em hospitais psiquiátricos - morrendo esquecida e abandonada. A vida de Frances Farmer, roteirizada por Eric Bergen e dirigida por Craeme Clifford transformou-se num dos mais sinceros filmes desmistificadores do lado cruel de Hollywood. Produção de 1982, valeu indicações aos Oscars de melhor atriz a Jessica Lange (como a personagem título) e coadjuvante, a Kim Stanley (pela interpretação de sua mãe). Curiosamente, Jessica concorria no mesmo ano também como coadjuvante por "Tootsie", vencendo nesta categoria - mas perdendo como atriz principal para Meryl Streep ("A Escolha de Sofia"). "Frances" também trouxe no elenco Sam Sheppard, até então mais conhecido como dramaturgo (autor do roteiro de "Paris-Texas", de Wenders) e que, posteriormente faria vários outros filmes. Com ótima trilha de John Barry e sensível fotografia de Lasslo Kovacs, "Frances" é um filme que há muito se aguardava em relançamento nos cinemas. Como a UPI não o fez, seus direitos foram adquiridos pela Vídeo Interamericana, que o colocou em seu último pacote. Um filme excelente, de interesse especialmente para quem acompanha o cinema - mas que se constitue num programa de agrado a todos. Vale o preço da locação.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Almanaque

Coluna ou Seção: Nenhum

Página: 8

Data: 14/07/1988