"Veludo Azul" em clima noir
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 01 de outubro de 1987
Vários fatores contribuíram para fazer de "Veludo Azul" - que hoje marca a reabertura do cine Bristol - um cult movie. De princípio, é o segundo sucesso de David Lynch, que conquistou a simpatia da crítica e público com sua versão à tela da peça "O Homem Elefante" mas decepcionou na mastodôntica superprodução "Dune".
A filha de uma das maiores atrizes do cinema - Ingrid Bergman (1915-1982) e do grande cineasta italiano Roberto Rosselini (1906-1977) - Isabella Rosselini, tem em "Blue Velvet" a sua grande chance internacional.
Dennis Hopper, hoje cinquentão e que, em 1954, era o temível líder Buzz que infernizava a vida de James Dean em "Juventude Transviada" (Rebel Without a Cause, de Nicholas Ray) também praticamente retornou como o matador psicótico Frank, o personagem mau de "Veludo Azul". Vítima das drogas e do álcool, Hooper esteve anos longe das câmaras, mas agora está com nada menos que 9 filmes em exibição no Brasil.
David Lynch, também roteirista, desenvolveu em "Veludo Azul" uma história noir, densa e ambientada numa pequena cidade americana - em torno de quatro diferentes pessoas: Jeffrey (Kyle MacLachlan), um ingênuo estudante com pretensões de detetive amador; Dorothy (Isabella Rosselini), uma cantora de cabaré com tendências sadomasoquistas; Sandy (Laura Dern), a filha de um detetive e Frank (Hopper), o matador psicótico incentivado por fantasias sexuais.
É um filme de suspense, com muito erotismo e tensão (e tesão, para quem quiser assim ver) que há dois anos vem sendo polemizado. A 20th Century Fox, apesar da concorrência que as cópias piratas vêm fazendo há meses (em Curitiba, várias locadoras ainda insistem em alugá-las, apesar da proibição) fez questão de que fosse o filme para reabrir o Bristol. Exigindo duas semanas de programação e mais uma de continuação no Cinema I.
Enviar novo comentário