Zé une-se a Al e tocará pelo mundo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 31 de maio de 1988
José Renato, compositor, cantor e violonista em escalada internacional, aproveitou uma breve interrupção em seu calendário de muitas viagens para vir a Curitiba, tratar de alguns assuntos familiares, ligados ao inventário de seu pai, o jornalista Simão de Montalverne, falecido há poucos meses. Embora carioca de nascimento, Zé Renato morou muitos anos em Curitiba, pois seu pai aqui chegou em 1966, como chefe da sucursal do então oposicionista e forte "Correio da Manhã". Foi aqui que Zé desenvolveu suas primeiras composições, tendo em Heitor Valente um primeiro parceiro. Mais tarde, no Rio, faria parte de jovens grupos de choros, integrou o grupo Cantares e, finalmente, no Boca Livre - ao lado de Maurício Maestro e David Tygyel (ambos ex-integrantes "Momento Quatro"), provaria a força do trabalho na música independente, fazendo um elepê vender mais de 100 mil exemplares, recorde na época.
Agora, Zé está em escalada internacional: há mais de um ano, o violinista Al Di Meola ficou seu amigo e fã, e juntos fizeram várias temporadas e acabam de gravar um elepê ("Al Trianmuiçu, EMI-Odeon), infelizmente sem previsão de edição no Brasil. Para 1988, projeto de um segundo álbum, desta vez com maior número de composições de Zé, que, aliás como autor já tem mais de 80 músicas gravadas por diferentes intérpretes.
Dentro de 40 dias, novamente com Al Di Meola, Zé Renato inicia nova temporada internacional, desta vez participando de um circuito de festivais de jazz na Europa.
Antes de retornar aos Estados Unidos, Airto Moreira esteve reunido com Fafá de Belém, que passado o deslumbramento do namoro pelo poder e o puxassaquismo à Nova República - que fizeram sua carreira ir para o brejo - está, com um pouco mais de humildade, preocupada em voltar a fazer aquilo que de fato sabe fazer: cantar bonito. Para tanto, Fafá entendeu a importância de procurar bons produtores e gravar discos capazes de lhe devolver um pouco do prestígio que já teve a que por infantilidade e ambição desmedida pela autopromoção vinha jogando fora.
Seu novo disco terá algumas sessões gravadas na Califórnia, com produção de Airto, experiente em termos de produção e entre as faixas já selecionadas estão um belíssimo tema de jazz, "Sweet, Baby Blues"; "Corre, Niña", de Hugo Fatorusso e "Amabu Lê", neste com a participação generosa de Flora Purim, que admira a beleza de voz de Fafá. Que também admiramos. A voz...
Chamava-se "Harvest Time" (Tempo de Colheita) o novo álbum de Yana Purim, irmã de Flora e cantora que há 10 anos vem abrindo seu próprio espaço nos Estados Unidos. Produção de Arnaldo de Solteiro, jornalista, crítico de música da "Tribuna da Imprensa" e da equipe de TV-Manchete (para a área de especiais de música internacional), o álbum de Yana teve gravações nos Estados Unidos, incluindo a participação de Herbie e Hancock e do pistonista Lee Soloff, entre outros, em algumas faixas. A fita ainda não foi negociada, em definitivo com nenhuma gravadora, mas havendo interesse de várias etiquetas de prestígio. O disco anterior de Yana ("For a Distance Love", 1986) esteve entre os mais vendidos nos EUA e no Brasil, distribuído pelo Estúdio Eldorado, também fez boa carreira.
Arnaldo de Solteiro, percussionista nas horas vagas, de uma família de tradições musicais (sua mãe é concertista de piano) é hoje um dos jornalistas brasileiros mais bem informados e atuantes na área dos músicos brasileiros que gravam nos Estados Unidos. Arnaldo poderia fazer uma discografia de todos os brasileiros que conseguiram ser sucesso nos Estados Unidos, onde mensalmente aparecem novos álbuns - agora em CDs - de nossos artistas. Por exemplo, o baterista curitibano Celso Alberti - que aqui se apresentou em agosto/86, com Airto e Flora - está no primeiro álbum solo do pianista Marcus Silva ("Here We Go", Concord 94522), músico que habitualmente trabalha com Airto. Breno Sauer, que os boêmios mais velhos (como Renatinho Schaitza, Renatão Ribas e Enock de Lima Pereira) lembram-se dos dourados anos da Marrocos, vive há 15 anos em San Francisco e seu último álbum chama-se "Made in Brasil" (Pausa Records), com solos vocais de sua esposa, a gaúcha Neusa - e participação de vários músicos americanos.
LEGENDA FOTO - O produtor Arnaldo Solteiro e o pistonista Lee Soloff, um dos convidados especiais na gravação de Yana Purim, produzido nos Estados Unidos.
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