Apolo agora é a Escala com música instrumental
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de setembro de 1986
A Rádio Estadual do Paraná está sem diretor. Há um novo prefixo no ar. A Fundação São Sebastião desistiu de implantar uma FM educativa em Curitiba. O grupo C.R. Almeida entra firme no meio radiofônico com dois prefixos.
Notícias como estas mereceriam destaques nas colunas diárias que os jornais da cidade mantinham nos anos 50. O rádio era, então, o grande veículo de comunicacão e seus profissionais tinham legiões de fãs clubes, de forma que chegavam até a distribuir fotos autografadas, Hoje, as coisas mudaram e nem o definitivo afastamento da radiofonia de um pioneiro como Nagib Chede chegou a merecer registro mais detalhado - ou motivar alguma homenagem, oficial ou não, excepto a que seus colegas radiodifusores lhe prestaram, durante o último encontro da AERDP, em Maringá.
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Ligado a radiodifusão no Paraná desde o início dos anos 50, quando implantou a Rádio Emissora Paranaense, Nagib Chede foi o pioneiro na televisão, através do Canal 12, há 26 anos. Dono de uma excelente concessão radiofônica, com potência extraordinária, a Emissora Paranaense foi, durante anos, um dos mais fortes prefixos regionais, com atuantes coberturas - e pela qual passaram centenas de profissionais talentosos, muitos dos quais, hoje em postos de destaque na vida pública, como, por exemplo, o deputado Maurício Fruet e o senador Eneás Faria, para só citar dois exemplos. Afastando-se, entretanto, da área na qual poderia ter sido o grande comandante no Estado, Nagib Chede vendeu primeiro a TV-Paranaense (hoje Rede Globo) e, há alguns anos, com o desmembramento de suas rádios AM (Universo) e FM (Apolo), vendeu a primeira para o polêmico pastor David Miranda, da Igreja da Paz e Amor - que a transformou num veículo de pregação evangélica. Manteve rádio Apolo que, entretanto acabou também sendo transferida inicialmente para o pastor Miranda e, mais recentemente, vendida ao grupo que edita o "Jornal do Grande ABC", em São Paulo, onde também possui algumas FMs. E já está com novo nome: Escala 92.
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A transferência da antiga rádio Apolo para mais um grupo paulista, faz com que 50% das emissoras FM da Capital estejam hoje totalmente controladas por empresários de outros Estados, que impõe uma programação enlatada, com grande parte da mesma produzida em seus estúdios centrais em São Paulo e, portanto, reduzindo o aproveitamento de profissionais locais. A Transamérica, Capital (antiga Tingui, ex-Continental), a Antena I, a Inter-99 (antiga rádio Metropolitana, que pertencia ao deputado Ervin Bonkoski) são hoje integrantes de redes nacionais de FM, com programações, na maioria das vezes, pasteurizadas, impondo, cada uma em seu público alvo, um padrão único de programação. Uma análise longa desta transformação na radiofonia, especialmente na Freqüência Modulada, viria trazer interessantes revelações.
Na Faixa da AM, são 16 prefixos que, na região metropolitana, lutam por uma faixa da população que ainda inclui o rádio em seus hábitos de informação e lazer. Desde as emissoras mais antigas - Clube Paranaense (PRB-2), fundada em 1927, até as mais recentes - buscam fórmulas alternativas de conquistar pontos no Ibope, junto as diferentes classes sociais, para conseguirem anunciantes que permitam suas sobrevivências.
A rigor, todos os empresários da radiofonia se queixam do escasseamento das verbas para estes veículos, cada vez mais concentradas na televisão. Entretanto, mesmo reclamando o esvaziamento publicitário, não há quem se desinteresse pelas rádios, cujas transferências alcançam valores altíssimos. E influentes jogos políticos marcam a concessão de novos prefixos. Por exemplo, duas novas emissoras - uma em FM, outra em AM - estão sendo instaladas na cidade e, entre os proprietários, está o poderoso grupo C.R. Almeida.
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