Logo o Paraná terá mais de 200 rádios
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de novembro de 1985
Possivelmente até o final de 1987, nada menos que 200 dos 310 municípios do Paraná contarão com emissoras de rádio.
Aos 179 prefixos hoje existentes serão acrescidos mais 14 estações, em vários municípios, além de mais quatro canais de televisão que estão em disputa para instalação em Curitiba, Cascavel, Guarapuava e Pato Branco.
Das quatorze novas emissoras em fase de implantação, sete são em Onda Média (Cambé, Guarapuava, Curitiba, Palotina, Quedas do Iguaçu, São Miguel do Oeste e Uuubiratã) e seis em FM (a São Sebastião, FM educativa, em Curitiba; mais Araucária, Guarapuava - duas - e Paranaguá - duas. Uma única emissora em Ondas Curtas, irá para Foz do Iguaçu.
Atualmente, das 179 emissoras paranaenses no ar, 135 em AM e 40 em FM, mais duas em Ondas Tropicais (Alvorada e Difusora, ambas em Londrina) e duas com as Ondas Curtas (Universo e Clube Paranaense, ambas em Curitiba).
Em matéria de rádios comerciais, o Paraná está muito bem coberto; mas, na área educativa e cultural, continuamos engatinhando. A única emissora educativa do Interior pertence a uma fundação municipal da distante localidade de Quedas do Iguaçu. Em Curitiba, a Rádio Estadual do Paraná continua como um desafio administrativo, já que só agora o diretor da emissora, Faruk El-Khatib, bem quebrando lanças no sentido de uma sonhada reestruturação. Atualmente, a política da emissora tem provocado muitas discussões, pois, durante o dia, concorre com as emissoras comerciais, transmitindo apenas música popular e desprezando a programação erudita que, durante anos, caracterizava o prefixo. Empresário pragmático, há mais de 15 anos no mercado da comunicação (Grafipar, "Correio de Notícias!, "Penthouse" etc.), Faruk quer primeiro elevar o Ibope da Estadual, para [provar] a força da emissora, antes de investir no que é fundamental: programação de qualidade, audições montadas e uma filosofia de rádio realmente educativo-cultural.
No ano passado, por incompetência administrativa, a Estadual perdeu a chance de conseguir um canal de Freqüência Modulada. Na concorrência destinada a uma FM educativa, a Estadual patinou no processo (deixando a documentação incompleta) e perdeu para a Fundação São Sebastião do Rio de Janeiro, que obteve concessões para implantar FMs em cinco Capitais (Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba). Pertencente a uma Universidade Privada, a Fundação que administrará essas rádio tem prazo legal até 15 de julho de 1986 para entrar no ar em Curitiba.
A rádio FM educativa de Entre Rios, a futura São Sebastião, em Curitiba e mais possivelmente a de Quedas do Iguaçu, deverão fazer parte do Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa (Sinred), uma das realizações de Roberto Parreiras junto à Funtevê. Inicialmente, o Sinred contará com 32 [emissoras]. Atualmente, 12 TVs do Nordeste, Sul e Sudeste, além de 16 rádio do País, trabalham nesse sentido.
Em termos de televisão educativa, o governo José Richa congelou o ambicioso projeto que havia papagaiado há alguns meses. Afinal, em razão de uma série de frustrações, acumuladas há anos, o Paraná é um dos poucos Estados que não dispõem de TV Educativa (Sergipe inaugurou uma há poucos meses e mantém duas emissora de rádio culturais). O mais triste é que, há 10 anos, quando um paranaense, o professor Mousinho Coelho, dirigia o Prontel, a Fundação Konrad Adenauer, da República Federal da Alemanha, nos ofereceu todo o equipamento de uma estação modelo de televisão, propondo, em contrapartida, que o governo do Paraná fornecesse a infra-estrutura - sede e pessoal. O então secretário da Educação, Francisco Borsari Neto, hoje tranqüilo auditor do Tribunal de Contas, fez corpo mole, alegou mil e uma desculpas, inclusive a falta de pessoal preparado e, apesar dos esforços que fazia Mousinho, como bom paranaense, a fim de trazer o equipamento para Curitiba, acabamos perdendo essa chance.
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