A Arte de Proença
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de outubro de 1984
Aos poucos os grandes [virtuosos] do teclado vão mostrando também tino empresarial. João Carlos Martins, que vem gravando em Nova Iorque a obra completa para piano de Bach (editada no Brasil pela Ariola), durante os anos em que, devido a um acidente nas mãos, teve que interromper sua carreira, foi um bem sucedido executivo de uma das maiores organizações econômicas em São Paulo. Após sua volta em grande estilo, já passou pela Secretaria da Cultura de São Paulo (Estado em esta pasta realmente tem grande atuação ao contrário do que acontece no Paraná) e, associado a outro gênio do piano, Arthur Moreira Lima, autoproduziram um álbum duplo, onde diividiram interpretações de Chopen e Bach - lançado nas bancas de revistas de todo o País, pela Abril Cultural - simultaneamente a uma tournée que fizeram nas principais capitais.
Arthur Moreira Lima, após alguns anos de associação com Mário Aratanha, da Kuarup, criou a sua própria etiqueta - a L'Art, com apoio do bilionário Mario Carneiro, da Brasilinvest - e o primeiro suplemento da nova etiqueta já está sendo bem comercializado.
Miguel Proença gaúcho de carreira internacional, também viabiliza sua etiqueta. Criou a Arsis Promoções Artísticas, através das quais produz discos de grande importância cultural, originalmente patrocinadas por empresas. Assim fez com a obra completa de Oscar Lorenzo Fernandes (1897 -1948), em três volumas, cuja edição comercial, há dois anos foi feita pela Polygran. Já com a obra completa de Alberto nepomuceno (1864 -1920), gravada no ano passado, com patrocínio da Fundação Educacional Edson Queirroz, de Fortaleza. Miguel Proença agiu de forma diferente: está lançando os três elepês com seu próprio selo Aris. Nesta mesma marca também estão "As Dezesseis Cirandas" de Villa Lobos uma produção das mais bem realizadas, com belíssima capa de Miguel Fernandes.
A União de Seguros de Porto Alegre, patrocinou um álbum no qual Miguel Proença interpreta belas obras dos compositores gaúchos J. Araújo Vianna (1871 - 1916), Luís Cosme (1908 - 1965), Paulo Guedes (1916 - 1969), Natho Henn (1901 - 1968) e, no lado B, exclusivamente o grande e maravilhoso Radamés Gnattali (Porto Algre, 1906), com suas peças "Brasiliana no 4", de 1949 - em quatro movimentos - "Prenda Minha", "Samba Canção" (Rio de Janeiro), "Desafio" (Nordeste) e "Marcha do Rancho" (Rio de Janeiro). "Valsas" completa este belo álbum - que após o lançamento patrocinado pela seguradora gaúcha, terá também edição comercial (pedidos podem serem feitos a Ársis Promoções Artísticas, rua das Laranjeiras, 525/1201 - CEP 22240 - Rio de Janeiro - telefone (021) 245-9291.
Pianista identificado com a obra de Villa-Lobos, Proença dividiu com a soprano Maria Lúcia Godoy o belo álbum "as 14 Serenatas de Villa Lobos", lançado há poucos meses pela Polygran.
Ao lado de uma repleta agenda de compromissos musicais - no Brasil e Exterior - Miguel Proença ainda é um organizado executivo: há 90 dias vem dirigindo a principal sala de concertos do Rio de Janeiro - "Cecília Meireles".
XXX
Ao lado dos dois volumes com novas gravações da obra de Ernesto Nazareth (1863 - 1934) - conforme aqui registramos há algumas semanas - Arthur Moreira Lima incluiu mais um elepê no seu selo L'Art: "Música Russa". Em sua última tournée pelos países socialistas, a sua apresentação (maio/84) na sala de concertos Bulgária foi gravada pela estatal Balkanton, que lançou o disco naquele país.
Para o Brasil, a edição é da L'Art - a quem poderão os interessados encaminharem seus pedidos: Rua Dr. Garnier,141 - Fones: 264-9984, CEP 20971 - Rio de Janeiro.
Com a genialidade que o faz um dos maiores pianistas do mundo - capaz de dar uma nova emoção a cada acorde - Arthur interpreta neste seu belo elepê peças de Tchaikowsky ("Dumka", opus 59), Rachmaninov ("Etude- Tableau". Prelúdios em Sol Menor e Ré Maior) e 10 temas de Scriabin.
A bela capa do disco reproduz um trabalho artesanal. Laqueado na tampa de uma caixa de "papier-maché". Escola de Palekh.
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