Boa programação que poderá trazer até "Carmina Buranda"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de julho de 1992
A programação dos "Clássicos de Vídeo Laser", oportuno projeto que o Banco Real traz a Curitiba - e que está tendo localmente a coordenação do jornalista Ayrton Batista, no setor de comunicação ainda não está definido em suas próximas atrações. Entretanto o objetivo será, alternando óperas, concertos sinfônicos e mesmo de solistas, em perfeitas gravações em disco-laser, do mais alto nível.
Quinzenalmente, sempre ao entardecer dos domingos, no Teatro Paiol, haverá uma projeção comentada por expertes em ópera, música sinfônica e outros gêneros da cidade, numa valorização aos nossos estudiosos - alguns também profissionais (compositores, maestros etc.).
Marcelo Marchioro, que já dirigiu três óperas, inclusive "Tosca", de Puccini - que abre a série, foi escolhido para a abertura. Nomes como do padre, compositor e pesquisador José Penalva; pianista e professora Henriqueta Penido Amazonas Duarte Garcez, ex-diretora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná; maestro e flautista Norton Morozowicz - fundador e regente da Orquestra de Câmara de Blumenau (retornando de sua segunda excursão a Europa), pesquisadores Oswaldo Euclides Aranha e José Flores Falcão, pesquisadores, ex-produtores de programas eruditos na Rádio Estadual do Paraná (que, infelizmente, não dispõe sequer de um player para divulgar música clássica em CD, usando apenas gravações em [vinil], antiguíssimas e repletas de ruídos), estudiosos de ópera como Joel Mendes e Eduardo Garcez, são apenas alguns nomes do maior respeito e credibilidade para serem escalados neste projeto - que oferece um pequeno cachê (mais simbólico do que profissionalmente justo) aos escolhidos para os comentaristas. Mas, pelo menos, é uma remuneração...
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Uma das obras, que deverão merecer audição comentada, em data a ser marcada, será a cantata "Carmina Burana" de Carl Orff (1895-1982). Baseada em poemas latinos do século XIII, teve sua primeira edição em Frankfurt, 1937. Coincidentemente, a PolyGram/Philips, acaba de lançar no Brasil, uma nova gravação feita em Berlim, em junho de 1988, sob regência de Seiji Ozawa, 52 anos, ex-regente das sinfônicas de Torongo (65/70), San Francisco (1969-1976) e há 19 anos titular de Sinfônica de Boston, mas convidado constantemente para dirigir e fazer gravações com as melhores orquestras do mundo.
Interpretadas por Edita Gruberova (soprano), John Aler (tenor) e Thomas Hampson ([barítono]), acompanhados do Coro Shintukai, regidos por Shin Sekya e o Kanbechor Des Stasats-Und Domchores Berlim, tendo como maestro de coro Christian Grube, este registro magnífico se compõe de 25 textos, alguns em francês e alemão medieval. Alguns incluem comentários profanos sobre a vida, o amor e a bebida e foram escritos por intelectuais [errantes] da Idade Média. O título (versão latina de "Canções de Beuren") refere-se ao manuscrito dos poemas.
Na íntegra - ou especialmente em alguns textos - tem sido bastante divulgados, merecendo inúmeros registros e, por inúmeras vezes, já foram perfeitamente utilizados na montagem de trilhas sonoras de filmes, encenações teatrais e mesmo outros espetáculos.
Como em todos lançamentos eruditos na Philips/Digital Classics, que a Polygram faz no Brasil, há um livreto com um texto explicativo cuidadosamente traduzido pelo experte Mário Willmersdorf Júnior ("Canções da Baviera Mundial"), que auxilia a absorção desta obra ampla e cuja beleza cresce a proporção em que se mergulha em seu espírito. Ao lado dos textos originais, o livreto traz as traduções - também esmeradíssimas.
Independente de sua edição em video-laser - que será ou não apresentada no projeto de Banco Real (poderá ser escolhido outro registro), vale a pena já conhecer esta gravação em áudio, com a perfeição técnica e o alto nível artístico, que o CD Philips/Polygram oferece.
LEGENDA FOTO - "Carmina Burana", de Carlo Orff, por enquanto em CD/PHILIPS, mas, futuramente no programa de clássicos em disco-laser do Banco Real.
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