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Aramis

Boni,Globo & Cia (III)

A longa reportagem (7 páginas) que a revista "Status" (n. 7 fevereiro/75, Cr$ 12,00) dedicou à entrevista com os executivos das várias Centrais da Rede Globo de Televisão traz informações das mais interessantes, que auxiliam os telespectadores da maior cadeia de televisão do Brasil a compreender porque se mantém em primeiro lugar de audiência em todo o Pais. Edwaldo Pacote, definido na reportagem como "jornalista maduro, rosto sofrido, que se anima e apaixona quando fala", assessor direto de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), o terceiro homem em comando na empresa, cita uma imagem feliz para explicar como se sente um dirigente de TV: "A meu ver, como Dámocles, com a agravante de ter duas espadas sobre a cabeça. A Censura e o Botão". O botão é o do aparelho de TV do João da Silva - o espectador médio. "Com um simples movimento de dedos ele liquida todo o nosso trabalho. Nos sentimos, assim, dividido diante o João da Silva. Sabemos tanto dele, fazemos tanto para ele, que terminamos por amá-lo. Mas receamos seu gesto caprichoso. Quando nos inclui de maneira tão drástica de sua vida, ficamos magoados". Boni lembra que a televisão pode ser de boa qualidade sem ser elitista. E justifica que o importante é comunicar, pois "não se ensina estatística no Jardim da Infância. Os intelectuais (que não vêem o que faz, exigem programas que, realizados, não teriam audiência) pensam que o povo quer e pode acompanhar um pensamento diferenciado. Mas o povo não pode - fato é que não o faz. Estamos partindo do nível em que a maioria se encontra e assim começamos a educar. Pretendemos ir subindo". Bonifácio de Oliveira prova, com números, que a rede Globo de Televisão não explora indevidamente a ignorância popular: "Cerca de 30% do auditório nacional de TV é constituído pela classe sócio-econômica D. A Globo só conseguiu atrair 15% dela. A outra metade, segundo nossas pesquisas, é definitivamente contra porque aquilo que a Globo mostra se choca com seus costumes. Conhecemos caminhos fáceis para conquista-la, mas não recorremos a esse expediente". Falando em pesquisas, Homero Sanchez, chamado de "o mago dos números", principal assessor neste campo, garante que a pesquisa é um dos segredos do sucesso da Rede: "Fazemos muita pesquisa - pelo IBOPE,IPOM,NOPEM e MARPLAN. Gastamos nisso 5% do custo de produção total da Globo. Queremos conhecer a audiência, suas flutuações. E também obter informações históricas ou regionais úteis às novelas, além de notícias para os jornais falados... O método mais recente Áudio TV - espécie de tacômetro eletrônico agregado ao televisor, marca tudo: se o aparelho foi ligado, em que canal durante quanto tempo". As pesquisas às vezes dão resultados curiosos. Conta Edwaldo Pacote: "sabíamos que no Rio, aos sábados, das 22 às 22,30, um número grande de aparelhos é desligado. Para nós, isso é o fim - se o espectador está passeando de um canal para outro, sempre podemos fisgá-lo. Porém se ele desliga... Pusemos nossos curiosos profissionais para descobrir a verdade. Pois é: ninguém sabe por quê, mas os cariocas, aos sábados, no tal horário, geralmente estão fazendo amor. Do legítimo, familiar e consagrado". E à pergunta "O que vocês resolveram?. Pacote deu uma resposta interrogativa: - Que se pode fazer contra o amor?. Xxx Circula em março um livro de grande oportunidade e destinado a ter repercussão: "O Jogo do Bicho à Luz da Matemática" obra póstuma do matemático Júlio Cesar Mello e Souza (1895-1973), que se tornou famoso como o oriental pseudônimo de Malba Tahan. O autor de "O Homem Que Calculava" entregou os originais deste curioso estudo interpretativo de uma das mais brasileiras formas de esperança do povo brasileiro, ao editor Faruk El Khatib, da Grafipar, pouco antes de morrer, inesperadamente no Hotel Boa Viagem, em Recife, Faruk aproveitando agora a promoção nacional em torno da criação da Zooteca. LEGENDA FOTO 1 - Júlio LEGENDA FOTO 2 - Adalice, Raphael.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
4
01/03/1975

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