A zootécnica e o livro de Malba Tahan
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de janeiro de 1975
A boa estrela do editor Faruk El Khatib brilhou mais uma vez: poucas semanas antes de falecer, o professor Júlio César de Mello e Souza - ou seja o conhecido Malba Tahan (1895-1974), lhe entregou os originais de uma cientifica e divertida análise de um dos mais populares divertimentos do povo brasileiro: "O jogo do Bicho à Luz da Matemática". O inesperado falecimento do professor e escritor, em Recife, no Hotel Boa Viagem, no ano passado, fez com Faruk El Khatib retardasse a publicação do livro. Agora, obtendo autorização da viuva Mello e Souza para dar andamento ao projeto, o editor ganha, inesperadamente, uma promoção extra para seu livro: a decisão da Caixa Econômica Federal do Paraná em oficializar o jogo inventado pelo Barão de Drumond que terá nome de Zootécnica e vai, por certo dividir, os apostadores da Loteria Esportiva, apesar de, na clandestinidade, nunca o jogo-do-bicho ter perdido os adeptos da "fézinha".
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Com a legalização do Jogo-do-Bicho, o substituto que Malba Tahan havia dado ao seu livro perde o sentido: "Uma Vergonha Nacional". O seu livro é um estudo matemático do jogo diário de milhões de brasileiros, "vicio dominador e irresistível que nasceu no Rio de Janeiro em 1893 e oito anos depois já estava em toda parte". Em sua clareza didática, o autor de "O Homem Que Calculava", analisou o Jogo-do-Bicho com precisão matemática, "procurando apresentar tudo sob uma forma bastante simples e elementar com os recursos das quatro operações", esclarecendo e demonstrando, "na base do número" os vários aspectos do jogo inventado pelo Barão de Drumond, João Batista Viana de Drumond fundador e proprietário do Zoológico dos Rio de janeiro.
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O Jogo-do-Bicho nasceu quando o Governo cortou a subvenção oficial que auxiliava o Barão na manutenção dos animais. Ele aceitou, então, a sugestão do mexicano Manuel Ismael Zavada e inaugurou em princípios de 1893 o jogo. Comprando um ingresso de mil réis, ganhava-se 20 mil réis se coincidisse o animal desenhado no bilhete ser o mesmo que seria exibido num quadro determinadas horas depois. O Barão mandou pintar 25 animais e cada tarde um quadro subia, mostrando o bicho vitorioso. O jogo agradou e uma multidão passou a freqüentar o Zôo exclusivamente para comprar bilhetes e esperar a sorte.
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O reitor Theodorico Atherino tem motivos para estar de bom humor: o Orçamento da Universidade Federal do Paraná para 1975 ;e de Cr$ 196.304.600,00. No ano passado, a UFP teve um orçamento previsto de Cr$ 121.466.000,00 e apesar do Dinamismo que o novo Magnifico Reitor introduziu na sexagenária Universidade, ao final do ano havia em caixa Cr$ 14.720.000,00. Para não ter que devolver estes quatorze bilhões de cruzeiros antigos ao Ministério da Educação e Cultura, eles foram incorporados ao orçamento/75 - que assim é quase três vezes superior ao de 74. Assim, não será por dinheiro que a Universidade deixará de funcionar melhor este ano, inclusive - o que é a esperança de seu corpo discente - dando atenção ao até hoje esquecido setor cultural.
LEGENDA FOTO 1 - Theodocio.
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