O bicho, o Sonho & o Cão.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de março de 1975
Quando o Jogo do Bicho 85 anos após a sua invenção pelo Barão de Drummond (João Batista de Drummond) fundador e proprietário do Jardim Zoológico do Rio de janeiro volta a evidencia com a intenção do Governo Federal em regularizar uma das mais antigas contravenções do brasileiro através da Zooteca, justifica-se a divulgação de algumas estórias zoológicas. Do imenso folclore que cerca esta verdadeira mania do povo brasileiro, há "causos" locais que pelo seu bom humor não deixam de merecer registro.
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A Arnaldo Baggio, o conhecido e estimado Repórter Galo, que marcou época na imprensa policial de Curitiba, onde foi o mais atuante profissional durante quase 35 anos, hoje residindo em Paranaguá é atribuída esta estória. Em 1961, a policia iniciou uma das muitas campanhas, contra os "bicheiros" a que tornou difícil aos aficionados fazerem sua "fezinha" diária. Encontrando o repórter Galo um delegado lhe perguntou a queima roupa:
Que tal Galo, você como jornalista apoia a campanha contra o jogo do bicho?
Resposta de galo que por sinal nunca deixou de fazer sua aposta diária:
-Realmente, é preciso acabar com o jogo do bicho! Mas só tem uma coisinha: depois que o jogo acabar o que é que eu faço com os meus sonhos!.
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Dia 1o de janeiro, 8 horas da manhã. Ainda sonolenta a empregada prepara-se para sair à rua, à procura de leite para o café da manhã. Ao abrir a porta do apartamento 31, no terceiro andar de um edifício residencial de Curitiba foi "atropelada" por um enorme cão policial que, embora totalmente desconhecido na vizinhança (no prédio não permitem cachorros é claro) plantou-se muito à vontade no tapete da sala de jantar. Assustada, a empregada chamou a patroa. Ambas, com ajuda de vassoura, tentaram tocar o animal da sala. Depois de varias tentativas inúteis, resolveram acordar o chefe da casa que, apesar de todo o barulho ainda dormia, curtindo a ressaca do reveillon. Ao inteirar-se da situação o homem passou a mão numa cadeira e foi, como um corajoso domador, para cima do cachorro. O animal rosnou fincou as unhas no tapete, mas não saiu. Vieram os vizinhos. Um palpite daqui, outro de lá, resolveram executar nova investida, conjunta contra o penetra. Novo fracasso. Aí alguém teve a idéia de chamar os bombeiros. A guarnição chegou em poucos minutos mas levou quase meia hora para retirar o bicho do prédio. Foi preciso laça-lo e cobri-lo com um saco de estopa. Depois da confusão o proprietário do apartamento n. 31 lembrou-se de jogar no bicho. No dia seguinte não deu outra coisa: cachorro seco. Com um detalhe importante: no terceiro prêmio estourou a milhar do prédio sem tirar nem por.
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