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Aramis

Brega

A palavra ainda não está em nenhum dicionário da língua brasileira mas, por certo, na próxima edição do "Aurélio", deverá ser incluída. Assim como o mestre Antonio Houaiss não deixará de catalogá-la para o superdicionário que está preparando para a José Olympio e que terá também sua edição especial para disquetes de computadores. BREGA é uma palavra ampla e que comporta inúmeras explicações. Define antes de tudo um estilo popular, correspondendo, em linguagem bem brasileira, aquilo que Kitsch não encontra a tradução correta. Da arquitetura à música, o brega é modismo. Veja-se exemplos que vão ao consumo - tanto no social (Baile do Pato, por exemplo, sobre o qual Cláudio Manoel da Costa fala nesta mesma página) até o aproveitamento comercial, absorvido por astutos produtores culturais. Eduardo Dusek soube capitalizar até o título - "Brega Chique" em sua carreira e, em pouco tempo, toda uma ampla bibliografia sobre comportamento poderá ser desenvolvida a respeito. Não há datas fixadas para indicar quando começou o brega. Afinal, Orlando Dias e Anísio Silva, em termos musicais, já eram brega no final dos nos 50 e, só na área artística existem centenas de exemplos. O brega é antes de tudo popular. Se alguém torce o nariz para Amado Batista ou Carlos Santos é bom saber que estes cantores vendem tantos discos (ou mais) que Roberto Carlos, sem precisarem terem seus nomes nos jornais ou fazerem programas de televisão. Há bregas-mulheres fascinantes. A argentina Julia Graciela, com uma porno/disfarçada música sobre as secretárias-amantes chegou às paradas de sucesso e acabou até estrelando a versão cinematográfica que o sucesso inspirou. E o que dizer de Odair José, brega-chique que foi curtido pelas elites cariocas - as mesmas que, anos antes, haviam eleito Waldick Soriano como "o Frank Sinatra do Nordeste"? O Brega é, enfim, um modismo, um comportamento, uma jogada comercial que acontece espontaneamente. Ainda recentemente, um curitibano Roedil Caetano - alcançou as paradas de sucesso com seu "Julieta", na qual somou ao espírito brega a malícia pornográfica. Resultado: conseguiu vender mais discos do que todos os paranaenses tentaram até hoje. CLAUDIO, sempre atento ao que identifica o comportamento de imensas faixas da população, abre hoje o seu espaço para alguns artistas brega - apenas na área musical. Para falar de tudo que é brega, prescisaríamos de toda uma edição.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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27/07/1986

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