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Aramis

A cidade, o cinema & o tempo

Depois que o crítico Paulo Emilio Salles Gomes, defendeu a primeira tese sobre Cinema Brasileiro na Universidade de São Paulo ("Humberto Mauro: Cataguazes/Cinearte", editada pela Perspectiva, SP), mais dois professores do Departamento de Comunicação da USP estão preparando alentados estudos sobre aspectos de nosso cinema. Lucila Bernadete [conclui] suas pesquisas sobre o Ciclo de Recife, enquanto Carlos Roberto de Souza, assistente de Paulo Emilio, faz uma tese sobre o Ciclo de Campinas. XXX Em sua tese, Carlos Roberto cita a presença do cineasta E. C. Kerrigan, que no final dos anos 20 andou tentando fazer cinema em várias cidades - inclusive com uma frustada passagem por Curitiba, registrada na página policial do "Diário da Tarde" de 21 de janeiro de 1.930. XXX Em fins de 1929, o misterioso E. C. Kerrigan, chegou a Curitiba, procedente da cidade de Carazinho, Rio Grande do Sul e instalou uma Empreza Cinematographica na Avenida João Gualberto, 1747, no [Juvevê], Pelos jornais, convidou "senhoras, senhoritas e cavalheiros" a fazerem testes na empresa "equipada para confeccionar também filmes de propaganda e científicos". [Denúncias] levantadas pela reportagem do "Diário da Tarde", estranhando que no escritório da empresa não existisse "nenhum aparelho necessário [à] confecção de um filme ", levaram "o dr. Raitani, o censor cinematographico e outras autoridades" [à] Academia Cinematográfica Paranaense onde o dr. Raitini (possivelmente o advogado Felício Raitini, 1897-1971) "após inquirir pormenorizadamente o director da "Academia"", lavrou o competente auto de infração e ao mesmo tempo convidou-o para que aparecesse à sua delegacia". Na Delegacia de Costumes - o cineasta Kerrigan fez demoradas declarações. Ao final, sarcasticamente, escreveu o repórter do "Diário da Tarde": "o senhor Kerrigan, "empresário cinematográphico" e "director acenico" vindo a Curityba para realizar grandes emprehendimentos não possuía a irrisória quantia de cem mil réis para pagar a multa arbitrada pelo dr. Raintini, de acordo com o regulamento de polícia, assignando por isso, um compromisso de pagamento". XXX É interessante lembrar este fato. Afinal hoje é o dia do Cinema Nacional.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
30/11/1974

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